Um
sujeito brilhante um dia cantou a ideia de um mundo melhor, e na voz dele, nas
perspectivas daquele chamado, o mundo parou para ouvir aquela canção. Esta
ecoou com o tempo tornando-se atemporal. Até hoje a letra da canção dá um nó na
garganta até de outros sujeitos mais endurecidos. No Natal é comum escutá-la
novamente solta por aí.
O
Natal tem dessas poesias, de solidariedade, mas carrega muito de solidão e de
uma certa melancolia, quebrada apenas pela alegria das crianças. Por isso
também é que ser criança é algo mágico, até nesse período do ano. Mas eu não
vim aqui falar de crianças, nem da canção, mas sim desse tal senhor chamado
Natal.
Esse
sujeito sempre chega cheio de simbolismos, do consumo, da união e de tantas
outras possibilidades. Pra mim, embora enxergue a beleza da data em questão,
experimento um pouco dos sentimentos tortos desse período, sempre penso que é
bem melhor aproveitado por famílias numerosas, pela casa cheia de
parentes, por fartura, presente, coisa e tal. Mas não é assim para todo mundo,
tem gente que carece de tudo isso, que sobra mais que vazios.
Assistindo
ao jornal da dia de Natal, fica quase impossível não entender desse sentimento
que muitos de nós desfrutamos neste dia, em especial ao ver gente que doa seu
tempo para o tempo do outro, que partilha, dividindo para somar no instante
presente. Papais Noéis magros, morenos, mas não menos cheio de coração que o
bom velhinho da pança grande e barba branca. Voluntárias de todas as idades e
tamanhos, dividindo a ceia com gente que tem fome do básico, mas que talvez
entenda do essencial que muita gente esqueceu na correria da vida. Gente que
pede apenas um panetone, um pedaço de pão, crianças atrás de um bola, uma
boneca, ou qualquer coisa que traga ou outro sentido para a vida, ainda que
momentâneo.
O
Natal não poderia ser imposto por regra, mas como de fato é, então, repensando
nessa gente que faz alguma diferença na vida de desconhecidos, me peguei imaginando essa partilha... por que não buscá-la nos futuros natais daqui pra
frente? Ainda mais para quem tem vazios nesse dia tão comemorado por todos.
Quem
sabe daqui pra frente, os natais sejam mais felizes, que as confraternizações
de final de ano que não marcaram presença neste ano, seja comemoradas
independente do Natal, que possamos dividir não somente com as pessoas que
amamos, porque isso é fácil, mas essencialmente com aquelas que não conhecemos, que nada tem haver com nossa rotina.
A
todos que por muitos motivos não desejei, desejo não um Feliz Natal, mas
essencialmente felizes dias do ano que se aproxima. Que não tenhamos a ilusão
que serão 365 dias de coisas boas, porque a vida é feita de alternâncias,
mas que acima de tudo que tenhamos sabedoria para enfrentarmos os tempos, sejam
eles quais forem, e acima de tudo luz em abundância para clarearmos nossa própria
escuridão e quem sabe assim, possamos clarear um pouquinho desse planeta
inteiro.
Feliz Ano Novo!
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elizpessoa