quarta-feira, 27 de novembro de 2013



Eu trabalho e sou assalariada, ainda assim, há momentos em que me sinto escravizada com renda. Não vou me ater aos fatos em si, mas saibam que eles existem, e com certeza não sou a única que se sente assim. De qualquer forma, hoje em especial, provei dessa amarga sensação de novo. Muito cacife para pouco índio, para pouco espaço e para mandar em pouca gente. Egos inflados demais, gente que é como um Pinscher mas que ao olhar no espelho enxergam um Doberman. Pouca gente à toa montando em cima de gente que trabalha e pouco resultado. Mas no meio disso tudo, um questionamento: Como deveria ser na época da escravidão, quando homens eram tratados como animais comercializados, sem direito algum, sem salário ou troca que o valha? Homens, mulheres e crianças negras 100% escravizadas, enquanto os índios foram dizimados!

Num leve instante me veio à ideia das cotas e uma só e certeira conclusão: Viva as cotas raciais! Porque raça alguma, em especial no Brasil, foram tão submetidas a torturas e maus tratos como foram os índios e os negros. Ainda é até hoje.

Talvez as cotas não façam uma reparação histórica como alegam alguns, e particularmente, não acho que fará, assim como também acredito que é uma forma colocar diferenças onde deveria haver igualdades. Mas não é!

Não é porque as raízes dessas diferenças são bem mais profundas, estão cravadas no ventre dessa pátria mãe. Mas há que se tentarmos alguma mudança, do que deixarmos como sempre foi no sempre é, para não cairmos no sempre será assim.



elizpessoa 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013



Deixado de lado num canto da casa, morava um violão descontente por não ser mais tocado. Era preciso dedilha-lo lentamente por dedos destreinados, e experimentar de novo aquela coisa nova que dá na gente. E no outro - alto da estante - uma canetinha secara por falta desses mesmos dedos que a deslizavam sobre os espaços brancos do papel. Era tempo de viver as coisas realmente úteis: uma música, outra palavra, um tempo, alguma coisa dilacerada em algum canto da alma, uma oração, outro agradecimento, uma semente, outras vontades e uns detalhes soltos por aí, aqueles que a vida nos empresta, depois pede de volta.


Quase sempre é assim, quase sempre sobra espaço para reinventar a vida da gente. É só querer.

elizpessoa

terça-feira, 12 de novembro de 2013

2013

2013 Foi um ano de grandes mudanças, novas transformações que deixaram a sensação de estar perdido em meio ao caos das novidades. Por conta desse cenário, os olhos acostumados com as coisas nos mesmos lugares, desaprendiam a enxergar os detalhes.

Este ano descobri muita gente, aprendi com o melhor e o pior das pessoas, experimentei um pouco de injustiça e da sede pra mudar as coisas. Da esperteza presente nas ambições desenfreadas e no preço que todos pagam por tudo isso.

Conheci a palavra, o desgaste, a mentira e o silêncio. Calcei incertezas, senti medo, respirei coragem. Encontrei braços abertos e olhares atentos ao que se passava. Amizades que não me deixaram cair em desamino, me ensinando muito de solidariedade, carinho e respeito. Respeito acima de tudo pelo o ser humano, buscando sempre a melhor luz em meio a maior escuridão.

Este ano experimentei o amor, o perdão ao outro, mas essencialmente o perdão a si mesmo. Aprendi que a vida se constrói lentamente com a mesma brevidade que passa. Que o melhor de mim ainda deve ser descoberto por eu mesma.

Entendi que eu posso até não compreender a dor dos outros, mas jamais isso me exime de respeitá-los. Em meio a tudo, a confirmação de que os maiores bens que a vida nos dá, de fato, vem de graça, e que por essa razão, é preciso devolvê-las com a mesma graça que recebemos.

Neste ano, procurei os caminhos da alma, percorrendo estradas gastas. Chorei por motivos distintos, envelheci com o coração desarmado.

Descobri com algumas poucas pessoas, com não quero ser e acabei milimetricamente testada. Encontrei a fé descoberta de falácias. Provei do poder do cuidado, entendi que o afeto cura. Que, se os sentimentos são bons, a gente espalha.

Este ano nem acabou e já mudou tudo em volta.



elizpessoa