quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Porque viver tem dessas coisas






                                          (Foto: Peça de Teatro Morte e Vida Severina - Sala Funarte)


Estamos aqui tão breve e só de passagem. Outro dia me peguei refletindo sobre isso tudo, sobre a vida: minha, sua, nossa. E o que ficou aqui dentro foi à brevidade. Por que tudo é tão rápido e efêmero, porque todos gostariam de mais tempo para mostrar ao que viemos, gostaríamos de amar mais incondicionalmente, porque precisamos fazer valer a promessa feita em algum outro plano - isso para quem acredita nessas coisas. Enfim, não importa. Queríamos mais tempo e de fato, o presente é a única moral realista do existir.

A gente vive e se empresta, se permite, aprende e são tantas as lições inacabáveis. A gente reza por um mundo melhor quando assistimos as almas vitimadas pelas guerras, crianças inocente que mal tiverem tempo de aprender a falar e escrever. Guerras que não mensuram cor, credo, idade e tempo. Guerras onde a verdade é a primeira a deixar de existir.

Essas últimas semanas, por exemplo, tem sido assim. O mundo caótico, quebrado, chamando a atenção aos nossos olhos, despertando o nosso pensar que pesa sobre tudo isso. A Síria, o Egito, o Alemão, a Rocinha, Canta Galo, as periferias brasileiras - tão ricas e tão pobres em assistência. A dor das mães, pais e amigos de tanta gente que se perde na loucura de mãos poderosas e gananciosas.

Esse ser homem contraditório e infinito em possibilidades, se limitando perante a morte, que pertence, esta sim a todos nós. Porque todos, sem exceção, vamos viver essa experiência. Que é uma experiência essencialmente da VIDA.

Esta semana muito pesar sobre meus pensamentos. Certo olhar curioso e tímido sobre esse mundo a qual estou vivendo. E a vida, essa senhora cansada, sempre me diz alguma coisa, me pede muito, mas muita paciência. Em primeiro lugar comigo mesma, depois com o mundo que me cerca todos os dias. Paciência de viver em sociedade, de respeitar a vida, a morte, o tempo e o espaço dos outros. Paciência para não atrapalhar o caminho de quem precisa passar e de quem quer viver.

Esta semana, por tudo isso e muito mais, senti solidão e uma vontade de ficar quieta, de fazer diferente, de só perder mais tempo com o que de fato interessa. E o que interessa é a vida emprestada a cada um de nós: bichos, plantas, ar, gente. A vida perene, falha, rasa e completamente profunda. Esse nó na garganta, esse anseio de fazer desse tempo, um espaço melhor para mim, para todas as pessoas que amo, em especial, fazer diferente a todos as pessoas que eu não amo. Porque viver é imperativo e a vida é um presente.



elizpessoa

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