terça-feira, 18 de junho de 2013

17 de junho de 2013, segunda-feira - Um dia para se fazer História


                                                                 Foto (Imagem Google Imagens)


O Brasil parou. Parou porque não aguentava mais ser tratado com descuido e intolerância. Parou porque dói quando nos vemos acuados, roubados e acima de tudo desperdiçando nosso trabalho árduo, nosso dinheiro suado, nossa saúde adoecida e nossa educação desrespeitada. Parou por que nossa força também cansa e nossa esperança também padece na rotina dos dias. Força que emana do povo para o POVO, e foi isso que se deu nas ruas de São Paulo, espalhando atitudes inflamadas nos territórios do Brasil. SP movimentou-se para exercer cidadania: reclamando, protestando e reivindicando.

Não foi somente pelos R$ 0,20 a mais nas passagens de ônibus, mas em princípio, fez-se deste o primeiro motivo. O Estado, inábil quando o assunto é cidadania, com sua força opressora, resolveu mandar seu recado, desconhecendo os reflexos de sua má atuação, má educação e muito má percepção de seu povo. Recado este que só encontrou expressão por meio da violência física e moral, utilizando-se de bombas de efeito “amoral”, cassetetes, balas e outras impertinências. Estado este que se fez veneno na carne do povo. Estado fantasiado de Democracia.

Mas os recursos tecnológicos são outros. Não encontra aqui os esconderijos da Ditadura de 1964, pois não mais utilizamos como armas, palavras e imagens advindas da imprensa. Somos nós sujeitos e predicados da notícia. Munidos da câmeras/celulares/ internet, denunciamos ao mundo, o mundo que nos cerca em nós. Saímos às ruas e escancaramos o abuso do poder e da imagem. Gritamos aos quatro cantos, a insatisfação de uma cidade, de um cidadão e da multiplicação de cidadanias.

SP parou e se fez ouvir. Parou e incomodou muita gente.

As redes sociais alastradas por curtidas, compartilhamentos, mensagens de todos os cantos, serviram de termômetro às denúncias de anônimos. O que vimos foi o país em chamas. Fingindo ser o que se sente. O que sentimos foi à dor de ver tanta gente machucada. Um desejo de revanche, que logo se transformara em vontade consciente. Dentro de cada um que sentiu, cabia uma centelha dessa dor, um amargo...

Respiramos ares de censura. Ditadura institucionalizada, aplaudida por muita gente. Gente com acesso a informação, a educação, mas sem a mínima vontade de apurar os fatos. Aplausos a ação policial, obediente ao Estado. Gente que encheu e boca para chamar os manifestantes de: baderneiros, vândalos, vagabundos e irresponsáveis. Gente que não larga o conforto de sua casa, e só aprende a reclamar nas filas da existência.
Ninguém sai às ruas simplesmente por que gosta de enfrentar a polícia ou o bandido. Ninguém se arrisca se não estiver completamente incomodado. Ninguém sai da zona de conforto senão aguenta mais a inércia.

Então, é fácil falar, quando você só faz isso. Difícil é rever os fatos, transpor preconceitos, se informar melhor sobre o que acontece fora do território do seu umbigo enfeitado. É triste ver gente comum ser tratado como marginal, escutar aplausos em tudo isso!

No princípio era apenas um protesto por R$ 0,20, que poderia ter morrido ali. Mas o copo estava cheio e derramado. Agora, tudo é motivo para contestações, e o mundo assiste atônito a nossa revolução. Imagens que só víamos de fora pra dentro, e não o contrário.

A minha última lembrança do povo tomando a rampa do Congresso, se deu nas Diretas Já, e agora.

Que Brasil teremos após tais fatos?
Quantas mudanças ainda precisam ser feitas, pra que não tenhamos o futebol como algo muito mais importante?

Um país que tenha na dignidade de seu povo, sua maior riqueza.
Um Brasil que consigamos conquistar com braços fortes?



elizpessoa

Um comentário:

Anônimo disse...

Dia histórico, realmente.