sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Até chegar a Primavera


                                                                      (Foto: Google Imagem)



Outro dia briguei por conta do pedreiro Amarildo. Ando fazendo isso com certa frequência e uma sobrecarga de indignação. Sentimento este que não ajuda a resolver absolutamente nada. É tanto descaço, tanta opressão e um interesse cada vez maior em defender apenas o próprio umbigo, como se fossemos algo singular apenas, como se não tivéssemos nada haver com os fatos. Como se não estivéssemos inseridos num sistema confuso e doente.

Não é só o Amarildo que sumiu depois de averiguação numa UPP dentro de uma comunidade que chamavam de pacificada, são outros favelados, periféricos que somem todo santo dia sem deixar vestígios. Tantas mães que perdem seus filhos para o tráfico, os perdem nas mãos da polícia fatalmente corrompida. Perdem a saúde em corredores de hospitais sem remédio, e sem alma. Perdem seus filhos em escolas que tentam seguir educando no escuro, educando na indiferença do Estado analfabeto de direito.
Sofro, e acho isso completamente imbecil, até porque o máximo que posso extrair é tristeza, sentimento de revolta e silêncio. Mas novamente, não resolve.

Como espírita, acredito que o caminho da humanidade está no progresso, ainda que não vejamos tão claramente, ainda que pareça que nossos passos estejam trêmulos e inábeis.
Como pessoa me cabe a fé no futuro pretérito de tempos melhores, ainda que não esteja mais aqui, sendo este me maior exercício: esperar novas Primaveras



elizpessoa

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