quinta-feira, 25 de julho de 2013

Só nessa semana


                                                                         (Imagem fonte: Google Imagens)


Tanta coisa acontecendo rapidamente soa até contraditório, tendo em vista que algumas delas permanecem no mesmo lugar. A palavra silenciada por uns dias, a agilidade da vida apressada de quem trabalha e estuda, de quem corre atrás de alguma coisa, ainda que essa coisa se resuma a simples sobrevivência.

No dia do aniversário de alguém, dá-se a morte de outras pessoas. Perdemos Dominguinhos, um mestre da música, e acima de tudo da simpatia e simplicidade. No mesmo dia, nasce o príncipe inglês, morre a moça atacado pelo tubarão em Boa Viagem, assim como a gata de estimação de um amigo. Nascimento e morte, início e fim. Nessa mesma semana o Papa Francisco, o argentino, pisou em solo brasileiro, dando motivo para a mídia desfocar à vista da grande maioria para os problemas reais do Brasil. A Igreja Católica mostrou que, apesar dos escândalos e das ideias defasadas, ainda tem muita força por aqui.

Enquanto Francisco cumpria seu papel de Papa, muitas manifestações ainda ganhavam força pelo país. Em especial, na cidade das mil maravilhas, a polícia pôs à prova (novamente) seu poder que, acima de tudo, abusa de nossa cidadania. Bateu, feriu, infiltrou-se em meio aos manifestantes, fingiu que não viu... Viu! Tentou disfarçar, mas não conseguiu. Porque sempre há alguém que não se acostumou a assistir televisão. Alguém fotografando, filmando a vida que passa lá fora. Em meio à guerra imposta pelos policiais no Rio, Amarildo desapareceu após ter sido detido pela polícia que o confundiu com o traficante e o levou para averiguação. Sumiu sem deixar rastros, sem contar sua história. Quem foi Amarildo? Pai de quatro filhos, pedreiro, morador da favela, negro, pobre, e acima de tudo, brasileiro. Porque vendaram nosso olhar? Porque tantos outros preferem acreditar no jornal da noite?

Essa semana foi turbilhão dentro da gente. Trabalhamos como formigas incansáveis, celebramos acima de tudo à vida, porque a morte não se dá sem ela. Porque para todo início de frase, sempre cabe um ponto final que silencia o pensamento.

Essa semana fez muito frio, nevou em cem cidades do Brasil, paisagem europeia em solo brasileiro. Foi tudo tão rápido e tão traiçoeiro que o coração do sujeito sem jeito, pediu aconchego, recolhimento e orientação. Coube uma prece, porque viver só, não dá sentido à vida. E cabe tanto entendimento sobre as últimas notícias.

Essa semana, certa solidão foi solicita em meio aos acontecimentos. A vida parecia correr rapidamente entre os dedos das mãos. E essa filosofia tamanha ao olhar o mais rosa Ipê da estação seca. E ele, a maior de todas as poesias de uma vida acelerada.

O Ipê foi o silêncio necessário para um par de olhos que não se cansa de observá-los.
Só nessa semana...



elizpessoa