quinta-feira, 29 de setembro de 2011

América Latina


(Imagem Internet)

O que dizer dessa coisa entranhada na gente. Está em nosso odor, na nossa língua, no nosso sexo, sob os nossos pés descalços e descamados. Vislumbra-se em nosso olhar, nas paisagens que nos cercam, nos labirintos onde escondem seus mistérios ainda não explorados. Mas a verdade é que te exploraram tanto, roubaram sua matéria-prima, seus bens e seu povo. Fadigaram suas terras, oprimiram sua cultura, dilaceraram sua gente, sem dó nem piedade.

Tão diferente exuberante e completamente miscigenada. Carregada de histórias e invasões. Essa mãe de todos os latinos, gigante em território, cercada de sotaques, regionalismos e encantos. Sonhada por muitos e afetada por todos nós.

Não sei por que razão nos escolheu como filhos, ou fomos nós que a escolhemos como mãe? Realmente não sei, mas cabemos tão bem em seus caminhos, somos a semente de tuas verdades, filhos de teu sangue e de sua dor. Contigo aprendemos as diferenças que nos preenche por inteiro e que, às vezes, não afasta de nossa real face.

América Latina, nosso prazer e nossa dor. Em teu seio foram travadas enormes batalhas. Violentaram-te e ainda a violentam cotidianamente. És responsável pelo enriquecimento dos países desenvolvidos e agora assistes ao declínio dessas nações que a exploraram. Dona de paisagens exuberantes, de filhos que são a sua cara. E são tantos semblantes que a representam, muitas marcas traçadas pelas horas de trabalho escravo que seus chicos e chicas foram submetidos, meninas e meninos, velhos, índios e negros. Mãe de tantos outros que fugindo de outros pesadelos encontram em seu colo, razão para continuar vivendo.

Américas das esperanças, do sorriso aberto, de olhares aprofundados em sua magnitude. Américas das montanhas geladas, dos oceanos Pacífico e Atlântico. Pulmão do mundo respirado no verde Amazonas, dos rios que sangram seu tempo, dos vulcões silenciosos e adormecidos, das culturas condicionadas à sua existência. Ar dos pretéritos imperfeitos, da língua Portuguesa, Espanhola e de tantas outras. Aqui, seus filhos são o retrato fiel do tamanho do seu coração, da grandeza de sua alma e do poder de suas lutas. América das utopias e das idéias, dos autores e autistas, dos mortos e sobreviventes.

América Latina, sua perdição encontra-se por completo na minha, enquanto sua dor arde aqui na sua maior alegria.

eliz pessoa

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Já posso ouvir ao longe o primeiro cantarolar dos pássaros anunciando a manhã, enquanto um gato estala nos dentes um caroço ressecado de ração. Minhas pálpebras ainda não despertaram completamente, quando busco em mim os sons de novo dia.

Penso em você sem nunca ter lhe experimentado, e quando estive em suas ruas, as oportunidades valiam ouro não extraído do lugar. Não trocamos salivas nem suores e ainda assim, sua idéia abre caminho para o uso de um a licença poética.

A cidade após longo período de estiagem, agora se alegra com a chegada da primeira chuva e a natureza compreende esse sentimento por inteiro. Uma forma de silêncio cabe em cada andamento dessas palavras e os sinais deste dia tornam-se responsáveis por um novo pleonasmo.

Descansada procuro por folhas vazias para tirar de mim esse pensar sobre as coisas vagas, como quem tenta livrar-se de um ritmo em seu compasso. No contra tempo das percepções amanhecidas, a existência interage comigo integralmente e nem pede passagem em meus pensamentos, encontrando nas palavras fresquinhas como pães da manhã após o forno, sentido para o despertar inteiro para um felino que exige mais que um pouco de minha atenção.

Manhã de terça-feira, primeira e última de tantas novidades.

eliz pessoa

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Misturas,
movimentos,
Medo a passos largos,
Longas avenidas,
Seca sobre a paisagem rarefeita,
Massas da metamorfose não percebida,
Insuficiência respiratória entre famintos e saciados,
Paralelos da espécie humana,
Autistas do fone no ouvido,
Imagens incondicionadas.

Insensibilidade sucumbida pelo tempo.
Experiências de olhares...

Fofocas dilaceradas atropelando o semáforo confuso.
Pés descalços, alegrias decadentes, afinidades ignoradas.
Caos indiscriminado ferindo a ordem camuflada.

Intermitências da vida. Realidade infunda.
Puta que o pariu do dia seguinte.

E a chuva por hora reclamada. Rasgos aqui tapando os resquícios da tarde de hoje.

eliz pessoa

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Já é Primavera no meu coração




Pouco a pouco as cores ejaculam em flores pelas ruas e calçadas da cidade.
Àrvores coloridas dando o tom da nova estação e o coração afoito empolga-se com os fascínio desse novo tempo amadurecido em cada semente resguardada.

É hora de colher paisagens coloridas, enxer os olhos de feminilidade, abrir-se para os intuitos de nova passagem.
Feliz me visto de flores estapadas no tecido, nos cabelos, pêlos e pele.
É Primavera aclamada dentro de mim.

eliz pessoa

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Oh Deus!


(Imagem do site Flickr: Faleria de oh_deus)

Elas chegam fazendo alarde. Sentam no banco do ponto de ônibus, e uma delas ascende um cigarro ligeiro e o traga seu próximo entorpecimento. A fumaça espalhasse com o passar da brisa noturna e o relógio marca zero hora, dividindo o domingo da segunda. Falam sobre assuntos empobrecidos, como: o aluguel barato de um quarto, a vizinha prostituta e seus clientes tardios, o locador inquisidor, a perseguição sobre ela, a inquilina, horas dobradas de trabalho, depois exibe em tela de celular, a foto de seu ex-marido. Reclamam o vinho de outro dia dizendo: “àquilo é vinho de pobre... derruba a gente no dia seguinte”. Empobrecidas pela própria experiência, persistem no assunto falido de um pós-trabalho de exploração americanizada. Impaciência nos ouvidos e vontade louca de chegar logo aos atalhos de casa.

Incansáveis tragam outro cigarro e o lançam sobre a pista. Elas, simples, cabelos ressecados e presos a uma fivela qualquer. Desalinhadas, chinelo de dedo, unhas pintadas, bermudas jeans, sacolas de lado e descaso com a imagem do dia. Não são belas, nem interessantes aos olhos rasos como os meus. Tortas, falam descompassadamente, engolindo o “r” de um problema pequeno e infundado. Sem esboçarem cansaço algum, voltam a falar mal da garota de programa. Chama-a de vagabunda e salientam que o velho locador do imóvel deve comê-la de vez em quando.

- Velho idiota! Puta bandida!

Outro moço de aproxima e opina sobe sobre as histórias delas.
Deixo-os pra traz e entro da condução. Por lá, rapazes afeminados, moças masculinizadas levantam bandeiras coloridas... Um deles, em pé, discursa loucamente:

- Odeio evangélicos!


Fala auto e diz não ter medo da verdade, nem de grito. E diz ainda:
- Eles falam mal dos homossexuais. Mas se Deus criou o homem que gosta de “comer” cú de homem, é porque Deus é gay.

Observo enquanto ele continua:

- Se Deus criou o céu e tudo que aí está então ele é onisciente, onipotente e onipresente, logo, Deus é tudo e igualmente criou o Diabo, as diferenças e os gays.
Outro rapaz expõe seu ponto de vista:

- Se Deus é gay e criou tudo, então também criou os evangélicos. Então ele também é evangélico. Criador de todas as criaturas.
Filosofia de eixos, parabólicas descompassadas.

Desço na altura da doze norte. Já é tarde e nem mais avalio tudo isso. Sigo com um sorriso no canto dos lábios e com a sensação sorrateira...

eliz pessoa

quarta-feira, 14 de setembro de 2011




Essas pequenas emoções vindas de todos os lados... E posso dizer (ainda que a vida se mostre morna e esgotada alguns dias) encontro pequenos talheres preenchidos de sensações furtivas.

De fato, busco essa experiência para dar sentido à constância da vida, que não cansa da gente. São cartas inesperadas de pessoas desconhecidas, palavras escritas em folhas descuidadas de si mesmas, convite de amigo para outra possibilidade, ou outra sobremesa açucarada. E quando nada acontece nos apelos da gente, a parede envelhecida pelo tempo e descaso, se pinta por inteiro de branco, dando outra razão para o olhar mais atencioso.

Por enquanto é assim que as horas tiram suas roupas, carregadas de solução para a moça que um dia se imaginou tímida e derradeira. Quando o tempo desmascarou às vergonhas, mostrando o rosto para outras pessoas já reveladas.

As cartas continuaram preenchendo os espaços da casa, abarrotadas de novidades, devaneios e outras paredes aguardam novas cores para outros olhares, igualmente afoitos.


eliz pessoa

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mar Del Plata



Estrada distante entre o tudo e o nada.
Coração armado pra palavras desarmadas.
Estrada percorrendo a gente
Mar de tudo, pistas largas.
Edificações, frio, agasalhos.
Acolhimento.

Língua solta, ouvido atento.
Mar de Atlântico, leões marinhos, focas e vira-latas.
Respeito mútuo.
Peixes, portos, barcos, mariscos, camarões e música brasileira em rádio anteriormente não sintonizada.

Compreensão confusa, imensidão e mais nada.
Cartas ao mar não lançadas
Iemanjá das águas frias
Mistérios profundos
Nó no peito.

Fumantes compulsivos, insônia proclamada.
Personagens latinos, cafés, restaurantes, shopping’s.
Futebol.

Um sonho de cidade
Outro amanhecer, desencontros, desabafos e palavras vomitadas.
Lágrima, verdades desmascaradas, salsa, merengue, olhos preciosos, cantora afloradas, sorriso democrático, encanto latente, o sono num coração vazio, reflexões, interferência de tudo.

O dia seguinte.

Libido e a carne em corpos que se encontram
Sobre a cama, o alimento,
o gosto no gozo do outro,
o êxtase na invasão alheia.

Tatuagens, gemidos e a fome de tudo.

Escritores, poetas, humoristas, suicídio amedrontando a cidade.
Cabelos crespos, olhares curiosos, admiração feminina, desespero das palavras.

Tempo pra tudo isso.
Tempo pra mais nada.

Alongamento, escadas, tv, piadas.
Comida brasileira, saudade insubordinada.

Pêlos, apelos de mim.
Antena quebrada.
Detalhes do esquecido,
C alma pras coisas gastas.

Sinucas, pub’s, miradas,
Lendas...


Mar Del Plata...
Mar de gente!



eliz pessoa

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Vamos ao Cinema?

Eu fui ao cinema, desta vez como monitora de um projeto denominado “Vamos ao Cinema”. Fui escalada para uma escola na estrutural, cidade satélite de Brasília, que já foi um antigo lixão a céu aberto. Mas as coisas por lá mudaram muito do lixo à cidade.

Encontrei uma linda escola, organizada e pronta para nos receber de braços abertos. Tenho que relembrar os braços, bem mais que abertos da coordenadora da escola, que infelizmente não me recordo o nome no momento.

Encontramos de cara o Isacc, aluno cadeirante, pra lá de comunicativo e com uma visão rara das coisas em sua volta. Uma entrevista feita com ele, boas respostas às perguntas da jornalista. Depois algumas fotos, um café ou água. Timidamente fomos convidados a percorrer a escola e perceber as primeiras impressões dessa experiência.

Lentamente os alunos chegam e começam a entrar no ônibus, com suas fichas em verde, amarelo e azul. Esse tipo de acontecimento é um evento numa escola pública, tanto que as muitas moças chegam à escola como se estivessem prontas para uma festa. Cabelos esticados, roupas brilhosas, meia calça, maquiagem e sapato alto. Um luxo só! Os meninos, menos despreocupados, se arrumam de qualquer maneira. Tudo certo e dentro do programado.

Já a caminho do cinema, muitas conversas gritadas no interior do veículo, olhares curiosos, e algumas explicações flertadas sobre cinema e produção de filmes. Eles respondem e interagem. Este exercício me estimula bastante, ainda que tendo que disputar com o motor do ônibus, ou com a desatenção de alguns, mas nada disso me desestimula.

Friso bem a importância do cinema brasileiro, assim com o Festival de Cinema de Brasília, que muitos desconheciam ou nunca ouviram falar. Em meio ao barulho, eu digo: “Não acredito que vocês nunca ouviram falar em Festival de Cinema de Brasília!”, quando um aluno responde coerentemente: “Tia, a gente não mora em Brasília! Moramos na estrutural, uai!” Respondo: “Mas Brasília não é só o Plano Piloto. As satélites também completam o que é Brasília. “

Percebo a acesso inexistente nas periferias a cultura do avião. Embora saiba que a periferia tem muito que contribuir culturalmente com Brasília.

Pier 21, shopping center badalado e freqüentado por pessoas com o poder aquisitivo alto. De repente, eis que surgem alunos das periferias, que invadem o shopping com sua energia, causado certo espanto para os bem afeiçoados freqüentadores do lugar. De um lado as filas de alunos, do outro as lojas, restaurantes e demais estabelecimentos comerciais.

Equipe pontual, trabalho corrido e o projeto se desenrolando dentro do previsto.

Pipocas, refrigerantes e ingressos distribuídos, correria e o filme: "Planeta dos Macacos", “Piratas do Caribe e Capitão América” em 3D, distribuídos em algumas sessões de cinema, também experimentadas em outras escolas onde nossa equipe pisou seus pés.

Após muito barulho, o filme dá início e o silêncio, quebrado apenas pelo mastigar das pipocas. Enfeitiçada a turma observa...

Nos bastidores, trabalho, trabalho e mais trabalho.

Aliás, trabalhar num projeto desses é gratificante, pela presteza dos envolvidos, pela idéia do projeto e por conhecer tantas figuras encantadoras e cheias de histórias.

Relembrando ainda lá na escola, um senhor com os seus setenta e poucos anos, nos atende com gentileza e atenção. Homem da roça, mãos marcadas pela dureza dos tempos, olhar amadurecido, e algumas histórias de uma vista já cansada e teimosa. Enxergando apenas uns 20% do total de sua visão e insistindo em não usar óculos. A coordenadora da escola contou que conseguiram o convencer a fazer o exame de vista. Ele, depois de rendido, se entregou e deixou que o levassem. Ficou grato o resto da vida a ela. De tão agradecido, todos os dias caminha horas até a escola, e sempre leva uma melancia para ela, ou qualquer fruto que a terra esbanja. Uma figura!

Em tempos de escolas públicas, personagens como o Isacc é mais que encantador. É fonte de aprendizado para quem convive com ele. Não pelo fato de sua deficiência, mas pela cabeça bem organizada no olhar à vida.

Saindo do cinema... Fileiras e muitas conversar sobre o filme. Caminho da escola. Isaac aguarda que todos desçam do ônibus e desce sozinho, sem precisar de ninguém. Na escola seu triciclo, feito por ele mesmo, o aguarda para levá-lo à sua casa. Tudo adaptado por suas mãos e cabeça. Um gênio de suas próprias necessidades. A equipe resolve acompanhá-lo, juntamente com a coordenadora. Seguimos em frente, percorrendo as vias da cidade Estrutural. Bairro silencioso nas madrugadas vazias. Histórias de periferia e uma imagem cinematográfica. Nós no carro atrás, Isacc com seu veículo cheio de personalidade e alguns pensamentos furtivos. Entregue, nos despedimos e seguimos em frente.

Aqui, fica um tempo lembrado na memória: “Isaac! Não senta no não! Vai se sujar todo! Ta tudo empoeirado. Ele responde: “Não adianta eu fugir da poeira”... “ela sempre vem atrás de mim”. É inevitável!”.

E aí, “Vamos ao Cinema?”.

eliz pessoa

Somália e outras catástrofes

Perdi o sono e liguei a tv, atencedendo a manhã aproximada. Encontro o mundo virado ao avesso... Na Somália o império dos famintos e miseráveis. Um povo esquecido pelo mundo e em duelo consigo mesmo.

A seca, a ignorância, o descaso e a fome unindo-se para dizimar, em menos de quatro meses, as crianças de um país desarticulado. A fome, injustificável, fruto do Capitalismo e da indiferença humana e o desperdício de alimentos predominantes no Brasil. Caberia vergonha num país de desavergonhados?

Rapidamente dez anos do onze de setembro e num passe de imagens cinematográficas, dois símbolos do poder virados em pó.

O mundo assiste de olhos arregalados a revira volta dos tempos. E a “culpa” é dos muçulmanos? Duvidêodó! Depois os punks e os discípulos de Hitler (skinhead), conhecidos como “os cabeças raspadas” e o confronto agendado virtualmente... o sangue sobre o asfalto paulista, a faca e as múltiplas perfurações ceifando a vida de um homem. A busca da morte. Pra quê? Pergunto-me. O gosto pelo desgosto alheio. Quadrilhas de banco e de equipamentos hospitalares, tráfico religioso de drogas, as bolsas de valores boicotadas por um dia, a neurose sistêmica dos mercados financeiros e os prisioneiros de tudo isso. O mundo num ataque de nervos.

Doze anos e o apelo amadurecido de um menino prisioneiro de sua própria mãe. A serenidade fora de época e os labirintos da vida. Escapando dessa novela humana, leio um pouco em Espanhol, observo a fineza do Chile num mapa afixado na parede, tomo consciência dos dias, do tempo que não é mais da gente. Não encontro o sono e nenhum motivo aparente. Coço a cabeça... Cinco horas da manhã, sinto fome de tudo, olho para os livros e nada me basta. Ainda sou a mesma do dia seguinte. Sigo buscando algo em meio a um mundo tão cheio de si mesmo.

Escrevo para amanhecer lobo e prematuramente. Escuto os tons e semitons de um único passarinho, anunciando outro dia. A cidade ainda escura amanhece amiúde, como um calendário que insiste em organizar o caos.

Essa noite não dormi, não chorei, nem sorri. Busquei pelo sono pacientemente, mas ele preferiu passar longe daqui, sem me dar explicações aparentes e sem que eu cobrasse um minuto de sua sonolência.

Queria o João Ubaldo para me excitar com sua luxúria, mas já não sei se é tão tarde ou tão cedo para tudo isso. Sinto preguiça e já nem sei se quero mesmo dormir, depois que o dia acordar descansado. Prefiro ficar quietinha, aguardando que o Sol cante um dia novo e já pronto para morrer em 24 horas.

Saudades de quando eu dormia a noite inteira sem pensar na apocalíptica Somália.



eliz pessoa

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Carta


(Foto eliz pessoa)

Escrevi uma carta pra você. A primeira delas! Depois me preenchi de coragem para pedir sua direção. Tive dúvidas no que traçar de assunto em minhas palavras. Perdi as dúvidas e coloquei uma música, e comecei a escrever lentamente enquanto a madrugada invadia a minha cidade.

Você gostaria de receber cartas em tempos regidos pela pressa tecnológica?
Eu gostaria! Faço parte dessa literatura cotidiana das palavras.

Eu sei, seu sei que a gente não se conhece! Mas me diz: “o distancimanto ajuda olhar as inteireza das coisas."

Eu gosto dessa canção que toca aqui, agora. Gosto também de palavras desajustadas... das pessoas desarmadas.

Eu escrevi uma carta pra você!

Escrevi uma carta para mim!

Escrevi

uma

carta.


eliz pessoa

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

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Foto Eliz Pessoa

Outro dia, outro lugar.
Outras cidades, outras metades compartilhadas.

Cartas, desabafos e rabiscos.
Risco de tudo, tiro no nada.

Voando e descobrindo-se lentamente.
Desarmando as possibilidades, desencontros, dois lados, dois países.

Amizades, lágrimas e muitos sorrisos.
Pessoas, culturas e novas canções não ensaiadas.

Mar, céu, estrada, estrada e estrada...

Releituras, re-começos.

Falta de saudade, excesso dela.

Lembranças não temperadas por ninguém.

Sonhos, confusão, noites mal acordadas.

Frio, calor, tudo e nada.
Me gusta, eu gosto.

Futebol, outros prazeres não declarados...

Ela, todos, ele.

Parágrafos, frases tatuagem.
Disfrute, sentidos.

Silêncios...
Barulhos...

Gente-leza, “em tiempos dondo siempre estamos solos.”


(*) trecho da canção de Fito Paez “Al outro lado del Caminho”


Eliz pessoa