sábado, 29 de março de 2008

Rio X Aedes Aegypti


A epidemia da Dengue no Rio de Janeiro traz à tona novamente, a importância do cuidado não só do Estado, mais em especial de cada um dos cidadãos brasileiros no combate a ploriferação do mosquito.
O que assistimos nos telejornais quanto ao assunto é um jogo de empurra-empurra entre as autoridades, e impressiona-me a última declaração do Governador do Rio - Excelentíssimo Sr. Sérgio Cabral - ao dizer que rezou à Santa para ajudar o Rio a vencer a batalha em relação a epidemia da doença, trasmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. A tal declaração atestou a todos o estado de calamidade pública ao que estamos submetidos e a falta de controle do Estado em relação a expansão da doença, colocando-nos vulneráveis aos fatos.

Mas o que se ignora em grande escala é a importância suprema que o cidadão tem no combate ao mosquito transmissor da doença, porque na maioria das vezes (e não estou falando apenas do cidadão carioca mais do povo brasileiro) é o nosso próprio descasso quanto a parte que nos cabe. Isso não se revela apenas no combate a Dengue, que pode e deve ser combatida com medidas simples e eficazes, mas em relação ao lixo, jogado de qualquer maneira em qualquer lugar, assim como na posição que tomamos dentro do trânsito, colocando em risco a vida dos outros, sem respeitar leis, no péssimo e incompetente hábito dos “espertinhos” que sempre dão seu jeitinho para se dar bem fazendo pouco...

É sempre muito fácil se apontar “dedos” para os superiores Chefes de Estado, mas de nada adianta o bom funcionamento de atendimento na rede pública de saúde, se não houver um combate direto de ambos contra a ploriferação do mosquito.

Mas uma vez comprova-se a infeliz estatística de que é preciso morrer muitas pessoas, trazendo para a dor para nossos lares, para que modifiquemos a experiência em relação aos fatos que nos cabem.

Não há livrando da responsabilidade do Governo na parte que lhe cabe no combate, assim como também não há como isentar a nossa força na luta.

A Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, ano passado já discutia em reuniões internas, da possível epidemia na cidade do Rio de Janeiro (agora realidade) do vírus da Dengue. E de lá para cá o que se assiste é a consumação dos fatos em “Via Crucis” do que antes já era previsto por autoridades do Estado. Este sim deveria ser o “escarro” cuspido aos nossos representantes! A responsabilidade que lhe cabe de alertar e informar à todos dos caminhos a serem traçados no combate a doença, e dar condições práticas para que a população combate de frente o problema.

Infelizmente nem de um lado, e muito menos do outro as mudanças de comportamento são constatadas. O que se vê é a expansão de uma doença que mata em pouco tempo, sem discriminar credo, etnia e condição social.

E por enquanto, um pequeno mosquito ainda é o grande vilão da história.

eliz pessoa

segunda-feira, 17 de março de 2008

Árvore

(Foto: Eliz Pessoa)

Mal amanhece o dia e ele já evoca o céu da alvorada.
Do lado direito da cama, o sono esvai-se ao som do Galo e algumas palavras ditam o texto deslizadas em formas de pensamentos.

Ainda é noite e a quietude da madrugada de domingo decifram impulsos, retêm a hora e tranqüiliza os poros de um corpo inerte sobre o edredom pesado sobre a cama.
E eu que nada tenho haver com isso, que acabo não dando a mínima importância aos suspiros de evocações inspiradas, pairando sobre o silêncio da sala.

De fora da janela, àquela velha conhecida de todos nós – uma linha de horizonte é quase encoberta por uma névoa flutuante sobre os ares da madrugada. E ainda assim, ela toda torta, enfeita o terreno ao lado.

Mas no terreno aqui dentro arde o sincero desejo de preservá-la das forças de mãos humanas, inteira sobre a terra vermelha.
É quando os dias passam junto ao desejo de que não comprem a área ao lado, construindo outro condomínio para solteiros como este aqui.

Nada de concreto, além dos já existentes construídos sobre cemitérios de espécies nativas do Cerrado, assim como ela.

Por isso é que a desenho, que a fotografo, que a quero viva enquanto há vida aqui.
Sobre as lentes de meus olhos míopes, ela reina quando o dia amanhece.

eliz pessoa

“Relata-se que são Francisco pregava aos peixes e as aves. Se a lenda é verdadeira imagino que os peixes e as aves, ouvindo a pregação do santo, riam e sorriam discretamente para não ofendê-lo. E isso porque não se pode pregar a seres perfeitos. Prega-se a seres imperfeitos para que eles se tornem perfeitos. Acontece que peixes e aves são perfeitos, são felizes naquilo que são. Peixes não querem ser aves. Aves não querem ser peixes. Mangueiras não pensam jabuticabas. Jabuticabas não penam mangas."

Rubem Alves

terça-feira, 11 de março de 2008

foto: internet
Desce ladeira em plena cidade plana,
Arrebenta um atalho, desvia o caminho,
Segue o dia sobre linha tênue do horizonte vasto,
Um irrequieto calça calçadas atropelando um pensamento...
Brilho de esquina escura, fim da tarde clara, noite adentrando o tempo.
Surto de um minuto vivido, horas que se estendem sobre a mesa repleta de folhas.
Secas vidas de oprimidos.
Cólera e vontade suando frio na testa do homem.
Tardiamente, o tempo se expira.
Metade de tudo que passa.
É hora, quanto a hora basta.


eliz pessoa

sábado, 1 de março de 2008

Benazi

(Foto por: Renato Santos)

Um gole de H2O descendo pelos canos da garganta cantadas, enquanto um pensamento faz cócegas em imagens de Girassóis, boiando a margem de tudo...

A casa (literalmente) de pernas para o ar: cama, cadeiras, sapatos, penelas e pratos, nos intervalors de sábado. Cheiro de limpeza afetando a malícia das narinas.

Poeira armazenada nas quinas – esquinas de dentro de casa – sons de crioulous, desenhos saídos da janela de fora, Cerrado nú, chuva fina lambendo a vegetação, alguns arquivos escondidos num armário de estante, no instante que passa. Pés descalços sobre sabão em pó, azulejo escorregadio – escorregando no r’s.

Rima desiquilibrando o ato sobre a linha.

Paulinhas, Luíza, Marinas...

Enquanto a loucura se expande o oriente se abre, como mulheres em frente ao desejo.

Espaçosos pensamentos, afrociberdelia, afoxés embaianados dons de Brown.

Artifícios de palavra,
ironia do destino,
estradas de preceitos largos,
impulso relevante do tempo,
mães de partos sem fim,
enquanto o tambor engole o oco de tudo.

Enquanto o verso se aninha,
por e n c a n t o...
quanto(s) pensamentos aflorados?

eliz pessoa