(Imagem fonte: Google Imagens)
Tanta coisa acontecendo
rapidamente soa até contraditório, tendo em vista que algumas delas permanecem
no mesmo lugar. A palavra silenciada por uns dias, a agilidade da vida
apressada de quem trabalha e estuda, de quem corre atrás de alguma coisa, ainda
que essa coisa se resuma a simples sobrevivência.
No dia do aniversário
de alguém, dá-se a morte de outras pessoas. Perdemos Dominguinhos, um mestre da
música, e acima de tudo da simpatia e simplicidade. No mesmo dia, nasce o
príncipe inglês, morre a moça atacado pelo tubarão em Boa Viagem, assim como a
gata de estimação de um amigo. Nascimento e morte, início e fim. Nessa mesma
semana o Papa Francisco, o argentino, pisou em solo brasileiro, dando motivo para
a mídia desfocar à vista da grande maioria para os problemas reais do Brasil. A
Igreja Católica mostrou que, apesar dos escândalos e das ideias defasadas, ainda
tem muita força por aqui.
Enquanto Francisco
cumpria seu papel de Papa, muitas manifestações ainda ganhavam força pelo país.
Em especial, na cidade das mil maravilhas, a polícia pôs à prova (novamente) seu
poder que, acima de tudo, abusa de nossa cidadania. Bateu, feriu, infiltrou-se
em meio aos manifestantes, fingiu que não viu... Viu! Tentou disfarçar, mas não
conseguiu. Porque sempre há alguém que não se acostumou a assistir televisão.
Alguém fotografando, filmando a vida que passa lá fora. Em meio à guerra
imposta pelos policiais no Rio, Amarildo desapareceu após ter sido detido pela
polícia que o confundiu com o traficante e o levou para averiguação. Sumiu sem
deixar rastros, sem contar sua história. Quem foi Amarildo? Pai de quatro
filhos, pedreiro, morador da favela, negro, pobre, e acima de tudo, brasileiro.
Porque vendaram nosso olhar? Porque tantos outros preferem acreditar no jornal
da noite?
Essa semana foi
turbilhão dentro da gente. Trabalhamos como formigas incansáveis, celebramos
acima de tudo à vida, porque a morte não se dá sem ela. Porque para todo início
de frase, sempre cabe um ponto final que silencia o pensamento.
Essa semana fez muito
frio, nevou em cem cidades do Brasil, paisagem europeia em solo brasileiro. Foi
tudo tão rápido e tão traiçoeiro que o coração do sujeito sem jeito, pediu
aconchego, recolhimento e orientação. Coube uma prece, porque viver só, não dá
sentido à vida. E cabe tanto entendimento sobre as últimas notícias.
Essa semana, certa
solidão foi solicita em meio aos acontecimentos. A vida parecia correr
rapidamente entre os dedos das mãos. E essa filosofia tamanha ao olhar o mais
rosa Ipê da estação seca. E ele, a maior de todas as poesias de uma vida
acelerada.
O Ipê foi o silêncio
necessário para um par de olhos que não se cansa de observá-los.
Só nessa semana...
elizpessoa
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