terça-feira, 4 de setembro de 2007

foto: eliz pessoa

Queria um texto sacana, cheio de malícia, pornográfico.
Um texto como a essência de Nelson, um texto depravado na língua.
Que jorrasse dentro do corpo indecências infindas...
Um corpo esfregado no outro,
Pele por pele,
Pêlo no pêlo.

Queria um texto sem vergonha. Escancarado, cru.
Um texto como o Rio, cheio de curvas e sensualidade.
Despudorado como o carnaval.
Sem vergonha como a vida.

Nu em minhas vontades, agora saciadas nos atos das mãos que, hora escrevem, hora praticam ações penetrantes. Desbravando entranhas, molhando essência, incasável desejo de algo perdido na carne e enfeitado na imaginação.

Língua nos seios, nas curvas que escondem segredos e segregam todo o resto.

Hoje, queria falar no útero de um ouvido alheio e assustar com palavras, experimentadas nas pontas de dedos. Sentir em cada detalhe, em cada suor alheio.

Hoje, queria um texto que superasse minha limitação, que fosse de sangue e carne, que não explicasse nada, contasse nada, que não fosse nada, além do sexo, por ele mesmo.

Queria um texto, sem poesia, cheio de orgia.
Sem cores, em preto e branco.

Um texto, uma entidade que dissesse por mim, o que não consigo dizer em palavras.
Como um gozo que invade almas, encarnado nas vísceras, entranhadas no ser.

Queria um texto de verdade, sem ilustrações e artifícios de beleza.
Mas que fosse a beleza em si, sem nada daqui.

Um texto que não exprimisse minha experiência, que contasse outra mulher, provocante e crua. Mais desinibida longe minha prisão.

Um texto além dos rabiscos, um texto que gemesse, que gritasse, provocando vontades em todos que lêem, que despertasse e ejaculações na alma, e se perdesse no próximo encontro.

Um texto pra fora.
De dentro de cada um de nós.

Hoje, queria um texto cheio de vontades perturbadoras. . .

: : eliz : :

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