sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Morena




Minha grande amiga, meu coração vagabundo, meu tempo num “tiquido” do seu, minha hora perdida, minha angústia tão verdadeira, minha dor, minha ira, meu amor desfalecido, meu momento entorpecido, minha verdade, minha troca, minha, minha, minha.

Vou lhe contar tantos segredos, vou dividir essa carência, essa falha comigo mesmo, vou me partir em detalhes ou esquecer todo o resto, o lixo, a falta. Esquecer o que sinto para tentar matar o que me consume agora. Não estou bem por hora, não estou em mim, inteira. Não estou em nada. Vivo presa a idéias fixas de outros tantos em mim, vivo aqui, morrendo lentamente nessa angústia de partir. E fico, fico, fico atada aos laços daqui.

Ô, minha amiga! Eu queria de contar tantas outras poesias, eu queria de encher de tantas alegrias. Te dar àquela abraço afoito, cheio de sede e saudades, eu queria de contar os momentos, descrever os meus segredos, revelar os meus atos. Mas não consigo por hora, me livrar de mim, me esquecer das coisas, não me colocar abaixo da linha tênue entre o ser e o existir. Ando confusa, dilacerada, armada contra as coisas, contra as pessoas, desassossegada, ferida um tanto, um tanto quanto ausente desse dia nublado. Ando tão estranha, que não caibo aqui.

Amiga morena, amiga...

eliz

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Você





Eu não tenho tempo pra suas esquisitices, nem pras teus atropelos e mudanças de luas, pra tua bipolaridade, pra sua psicose, ou para os teus devaneios de ir a um tempo que não existe aqui. Você se perdeu de si mesmo e eu de fato não tenho nada haver com a tua experiência, nem ao menos com as tuas fraquezas indelicadas quando me procuras, conhecendo meu sentimento.

Eu não tenho mais tempo pra te entender, nem pra cuidar desse entendimento, porque a bem da verdade o tempo esvaiu-se de mim. E eu compreendo todo o processo e não acredito mais nas tuas verdades fantasiadas de mentiras.
Eu me cansei do teu desprezo absolutamente desnecessário. E você bem sabe que eles vêem de você pra você mesmo. A nossa vida é bem curta pra mazelas miúdas, pra ingratidões cegas, ou ainda, para que eu me cale novamente diante aos fatos ignorados pelos outros.

Não sou eu a pessoa certa pra pedir para que você cuide mais da tua cabeça e tenha a certeza, que ninguém será. Se você não consegue enxergar o amor, a dor, a perda, o tempo ou ainda, se colocar ao menos um pouquinho na pele alheia, você jamais conseguirá entender alguém, ou pensar em como seria se estivesse do outro lado da linha. Como se sentiria a ardência alheia? Porque isso não resolve o problema, mas ajuda a cuidar para que o mesmo não piore as relações entre os seres. Porque a vida não é feita só do agora, ele vai muito além disso.

Mas eu precisei viver cada detalhe daquelas circunstâncias e sentir na carne, nos olhos, na seiva, na língua, nas muitas palavras jogadas ao nada, ao vazio do outro ser. E não te cobro mais nada, nem os centavos de tempo experimentado aí. Você deve saber o que faz com as coisas, que não são (se atente a isso!) pessoas, nem quando a gramática dita um substantivo pra regra.

Espero que você não tenha tempo hábil pra esquecer. E não espero mais nada de sua miséria, que não me servem de sustento, não me alimentam a beleza, nem me agracia a alma. Eu me liberto e lhe agradeço profundamente por essa oportunidade de te esquecer. Você quer assim, você pede que assim seja você em você e mais nada. Porque você se basta, até ficar sozinho com tuas questões e não agüentar mais um segundo em si. Procurando pelas outras vertentes de sua solidão.

Você não tem culpa por nada. Ninguém tem. Mas uma vírgula nos serviu como uma pedra no caminho, e eu caí cegamente com um ser nivelado em sentimentos. E não se preocupe com isso também, porque aprendi a racionalizar o que me incomoda e me questionar: de onde vêem tudo isso? E quando não encontro respostas práticas, experimento a visita dos ventos. E ele sempre me encontra nas mudanças, nos vozes de Iansã ecoadas na cidade. E embora o tempo seja o mestre das respostas, a entrega aos mistérios dele é o maior exercício feito agora.

Ninguém é melhor ou pior que ninguém. Somos todos, a mesma merda calcificada em nós mesmos. E não pense você, que eu me ponho no pior lugar do triângulo. Porque ninguém consegue construir felicidade, sobre a infelicidade do outro. Tudo está interligado o tempo todo e você já devia ter aprendido esta parte.
Mas partindo do princípio que, caberia agora, um minuto de tua indiferença na idéia fixa de tua lembrança, para me fazer aprender o que de melhor há em mim, além dos fatos, eu me aceito por inteira e sou grata a tua experiência (f) eliz.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mato



Foto Eliz Pessoa


Um pouco de descompasso sobre as coisas, a infinita idéia do amanhã, alguns pertences, outras desarmonias escutadas lá fora, nas rádios, na mídia, na mania do existir incessantemente, um par de braços bem abertos ao mundo, o movimento da cidade burocrata e a descrição de todo o restante em volta, uma foto e um pensamento à toa, alguns planos guardados numa gaveta solitariamente empoeirada, o gosto pelo mato, pelo cheiro de mato, pelo barulho de cachoeira no mato, pela beleza dos rios do mato, pelas as montanhas cercadas de mato, pelos bichos viventes no mato e o gosto de novo pelas mesmas coisas. Frases resgatadas em esconderijos de livros e cartas, àquela voz amanhecida debaixo do chuveiro em dias que não sabemos as razões de um canto, outra agonia, velhas roupas doadas, um desenho tatuado na idéia, pessoas, itinerários, textos, pretextos e afins, legiões de possibilidades, outro ajuste na cabeleira, muita besteira jogada fora, conversa fiada, um vírus no sistema, a voz de Mercedes Sosa, um pouco de poesia, outras aliterações, o tempo imparcial sobre a face da gente, a conta-gota dos dias, um minuto de silêncio e o absurdo de um grito, a anciã de uma alma, a vastidão de um momento, o cálice, o calar meditado no absurdo de todos nós. O abismo de toda loucura escondida na gente, a vida, um passo para o nada. A mãe, o amor, o amigo. Os seios exposto ao vento, a nudez de nossas vergonhas, a fantasia jorrada lá fora, o apetite incomum, o cupom de um novo consumo, o excesso excedido nos olhos, o ódio desbravando o homem, a dor, o caminho, a ternura em meio ao nada, a alegria de um sorriso afoito, o olhar sedutor de outro alguém, a quietude e a festa, os opostos impostos sobre os vértices, o sexo, a tentação, outros desejos, certa inconstância agarrada na vida, o dinheiro e tudo ao mesmo tempo agora, fechado em nós, labirinto de quaisquer mudanças e o mato de novo em nós.

eliz pessoa

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Tantas coisas



Eu procurei fazer uma nova frase pra melhorar o contexto das coisas. Em em meio a tribulação dos últimos tempos, certa ância de re-começos vieram me sondando como quem busca algo em torno da própria imaginação.

Levemente as mudanças de humor nos dias, chegaram dando ritmo a passagem das horas e a inconstância pertinente do existir. Atirando em ares de escuridão, alguma força deveria emanar das entranhas camufladas na gente. E por aqui, uma vontade de descobrir algo novo que despertasse um pouco de sensibilidade e muito de alegria, que tão bem sempre me cercou de dentro pra fora, que me estranhei procurando-a de cá, do lado externo de minha convivência.

Por todas essas mudanças de etinerários e novas perpectivas nas atitudes miúdas, certo gigante despertou numa moça, aparentemente frágil. E agora me questiono se ela seria capaz de traspor o obstáculo deixado entre nós, ou ainda, a curva indescente de tantas palavras fadadas pelo desassossego.

Felizmente não me esqueçi de nada, nem das coisas que nos rondavam, nem da angústia derradeira, nem do medo do amanhã amanhecendo entre tantas verdades. Não me esqueci do cheiro do café lá na cozinha, nem dos sonhos, nem de qualquer detalhe que coubesse em muitas memórias daqueles momentos. E agora sou a procura de mim mesma, do que me cabe tão completamente com uma peça que se encaixa num quebra-cabeças.

Este é o meu maior presente... os detalhes de instante, ainda que estranho e disforme, repleto de perguntas sem repostas, sem amarras, sem por cento aqui, no instante de silêncio quietinho em todos nós.

eliz pessoa

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Daniel na cova dos leões

Um olhar, outras calçadas, uma mente que se inquieta com o movimento transformador da vida, depois da pupila certeira de outro amigo. Uma sinceridade latente chega dando forma as idéias de dentro da gente. As escolhas feitas, os desejos que emanamos pro universo e a certeza de que tudo se aproximou como a gente um dia almejou.

A vida, princípio que tudo finda na constante mudança das horas que passam correndo, sem dizer ao que vinha.

É tempo de silenciar de encurtas palavras emandas de um coração absurdo, perdido no agora. Enquanto numa rua qualquer um homem de pés sujos, quase pretos, dorme pesado sobre a sombra de uma marquise, confundindo-se com o chão onde os ratos desfilam suas fezes e as pessoas escarram porcamente suas verdades.

Do lado oposto, um sol escaldante de nossa seca, arde na pele, transformando a brancura das pessoas. E eu ainda me recordo daquele moço, cantando “àquele gosto amargo do seu corpo, ficando na minha boca por mais tempo..” Enquanto outras meninices dão plumas ao vento nas folhas lá fora. Ainda assim, é muito pouco pra tanto pensamento.

E esse amor-ardor que queima na gente instantaneamente, não me resgata nenhuma presença, não cala nenhuma vontade, não saceia minhas indescências. E eu (ainda) as prefiro desnudas, sem pudor, escancaradas na linha da vida. Que não cabe numa simples palma de mão, nem no meu incômodo em meio a todo resto.

Essa malícia sorrateira, esse medo do risco, arricando a gente. Essa teima interrogante de não estar aqui, neste instante já perdido em cada um que cala.

E me rendo aos caminhos do silêncio, porque as palvras perderam o poder.
Ah, o poder, não pondera ninguém.

“E o seu cheiro, forte e lento, ainda é minha grande sacanagem.”

eliz



(*) trecho em itálico da letra da canção Daniel na Cova do Leões – Legião Urbana

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Já é tarde e o sol inquieta-se no horizonte da cidade.
Aqui dentro, as sombras do entardecer chegam levando todos os espaços do escritório, acobertando alguns pensamentos, enquanto um desejo sorrateiro experimentado no cheiro do café surge encantando o paladar.

É bem tarde, e as estações do ano levam um pouco da vida da gente, entornando sobre a mesa, palavras perdidas. Um tanto quanto deliquente, me preparo para outra cerveja e conversa de amigo. É tempo de ouvir os outros, de esquecer das entranhas da gente, de deixar o ego quietinho, quase adormecido como se fosse um menino comportado para não atrapalhar a vaidade, agora discreta, menos enfeitada pros olhos alheios. E um resquício de simplicidade, se enfeita em si mesmo. Bem na hora em que o movimento do trânsito respira fumaças nervosas, levando o destino pra algum lugar. E um textinho desprevenido, arrisca novos acertos, esquecendo uso da crase, fincada no a. Exercitando as letras apertandas sobre linhas, formalizando o nascer das palavras existentes em cada um de nós.

E o silêncio? Eis o maior exercício dentro e fora da gente. E só através dele o universo se abre. Um minuto aqui, revela um céu cor de rosa lá fora.

Essa noite faz frio.

eliz
Já é tarde e o sol inquieta-se no horizonte da cidade.
Aqui dentro, as sombras do entardecer chegam levando todos os espaços do escritório, acobertando alguns pensamentos, enquanto um desejo sorrateiro experimentado no cheiro do café surge encantando o paladar.

É bem tarde, e as estações do ano levam um pouco da vida da gente, entornando sobre a mesa, palavras perdidas. Um tanto quanto deliquente, me preparo para outra cerveja e conversa de amigo. É tempo de ouvir os outros, de esquecer das entranhas da gente, de deixar o ego quietinho, quase adormecido como se fosse um menino comportado para não atrapalhar a vaidade, agora discreta, menos enfeitada pros olhos alheios.
E um resquício de simplicidade, se enfeita em si mesmo. Bem na hora em que o movimento do trânsito respira fumaças nervosas, levando o destino pra algum lugar. E um textinho desprevenido, arrisca novos acertos, esquecendo uso da crase, fincada no a. Exercítando as letras, apertandas sobre as linhas de mãos dadas, formalizando o nascer das palavras existentes em cada um de nós. E o silêncio? Eis o maior exercício na gente. E só através dele, o universo se abre. E um minuto aqui, revela um céu cor de rosa.

Essa noite faz frio.

eliz

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito." Machado de Assis

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem motivo, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia, maledicências...

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça o resto, beba de tua essência, da seiva de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça tudo de novo e novo de tudo, faça!

Mas não esqueça que a VIDA passa por cima da gente, enquanto a hora mingua e o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa
Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem motivo, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia, maledicências...

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça o resto, beba de tua essência, da seiva de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa
Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem motivo, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia, maledicências...

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça o resto, enxergue toda essência de tua seiva, de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa
Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem motivo, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia, maledicências...

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça novamente todo o resto, enxergue toda essência de tua seiva, de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa
Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem motivo, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia.

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça novamente todo o resto, enxergue toda essência de tua seiva, de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa

E X O R C I Z E - S E

Exorcize-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem porquês, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorcize-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia.

Exorcize-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça novamente todo o resto, enxergue toda essência de tua seiva, de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorcize-se!!!


eliz pessoa

Exorzi-se

Exorzi-se, ponha pra fora, se mostre, abra o verbo, as palavras, xingue, concretize, experimente de novo, arrisque, esqueça, desapareça, amorteça outros sentidos, beba, dançe, siga, arrebate, lave a alma, molhe o cabelo, tira a roupa, tire sarro da vida, escreva e diga, conte outra história distraída, viva e morra quando preciso for, se esconda de todo o precipício, poetize e depois razionalize todo o resto, cante loucamente sem porquês, não hesite - recomeça. Se dissolva, se entrega e silêncie momentaneamente um ruído ardente, depois grite bem alto, como se o mundo pudesse ouvi-lo de fato.

Exorzi-se e não deixe que te digam quem você é.
Seja!
Porque nós é que sabemos quem nós somos, o resto é falácia.

Exorzi-se e desfaça a mesmice das coisas, esqueça novamente todo o resto, enxergue toda essência de tua seiva, de teu líbido. Ignore os contra tempos, rasgue as cartas e as refaça. Faça tudo de novo e novo de tudo faça.

Mas não esqueça de esquecer todo o restante, porque a vida passa e a hora mingua enquanto o mundo disfarça.

Exorzi-se!!!


eliz pessoa

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Travessia

Quando você partiu, levou consigo minha alegria mais estasiante, deixando em mim, àquela paciência incompleta, quase beirando a loucura do silêncio.
Em meio ao caos me acalmei, acreditando que tudo não passaria de instante de loucura de sua parte.

Por covardia, esperei a passagem dos dias e fiquei imune ao sofrimento, enquanto havia distância entre nossos olhares. Lentamente, as horas levaram seu contato de mim, e àquele fio tênue que nos envolvia, rompeu-se sem dizer adeus.

De companhia, o dia, e no refúgio da noite, me encolhia nos braços de seus lençóis, agora vazios. Perdi-me de mim, de minha alegria, permitindo que os fatos fossem fadados pela sua inexperiência e covardia.

De volta a nossa presença, suas palavras cortaram meu coração como faca-amolada de cozinha. Sem tempo para o resguate, meu aceite serviu-me de companhia, enquanto vocês desfilavam livres por Brasília.

É sempre estranha a mais pura verdade...

E aqui, ficou a tua ausência, o meu perdão insignificante na passagem dos dias.

Mas eu precisava dessa dor pra entender a mudança, e quem sabe, mudar com ela.

Eu me rendo à travessia.

eliz pessoa

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Nos útlimos dias sigo buscando, vasculhando minhas coisas, para encontrar uma leve poeira de esperança sobre minha mesa. De vez em quando sufoca meu peito, e aí me esqueço de todo o resto respirando fundo, pra dentro, como se recuperasse um segundo de minha calma, agora perdida.

Lentamente as horas transcorrem sobre algumas ações decadentes, onde sigo e recrio um passo novo, alheio a tudo isso.

É tempo de palavras e perdões, de acalanto e poesia, pra ver se alguma dor deixa de fazer barulho nos ecos da alma da gente.

Eu escrevo de novo o novo, no velho dia.
E ainda encontro atalhos para tantas sensações. E mesmo assim, não me descubro nas coisas. Nem na cor do cabelo. Deve haver alguma maneira de dar a volta por cima, pelas ruas da cidade vazia, onde o barulho de bares e a alegria persistem dia-a-dia.

Meu mundo é bem pequeno e uma fuga pra fora daqui, cabe tão bem no meu pensamento, enquanto ela sorria. Há tanto abismo calado em nós, certo nó na guela, um ardor no peito e uma corrida insessante para o tempo passar, esse ano acaba de vez com tudo isso.

eliz pessoa

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Num piscar de olhos, o redemoinho se fez ao caminho.
Na confusa prece dos dias, o silêncio não se fez entender.
Cercada de livros e de uma felina peluda, ela seguiu exercitando as entrelinhas da paciência.
Fez de um concreto desejo, o caminho para a perdição e a falta de si mesmo.

Mas os dias se foram e levaram em si muita coisa que existia ali.
Deixando apenas alguns atalhos dentro de alguém.

Ninguém sabe de mais nada.

Esse absurdo encontro... Desencontrado na gente.

eliz

quarta-feira, 25 de março de 2009


Foto: Zubehör Buyer Wauted



A moça passa, desfilando suas sutilezas nas ruas da cidade, transcendendo a lógica imperfeita dos dias. E as avenidas em movimento, em plena circulação venosa, dão ares de maturidade em margens de todas as gentes.

É fato, mas as coisas às avessas, nos enganam por dentro. E eis que o dia se alimenta de suas próprias raízes, e os constantes barulhos dos carrinhos de supermercados, anunciam o tempo do consumo, enquanto as paradas ainda cheias dão sinais de vida na lida incessante das semanas.

Os graves efeitos da “grave-idade” tornam-se traços expressivos nas filas de toda as gentes, onde até a imagem retratada, quando não resgatam lembranças, denunciam a hora do tempo.
E jovens senhoras, camuflam sobre o pó da maquiagem, suas cores de apatia, enxergando o mundo sobre a ótica obscura de seus óculos escuros.

Hoje também, li que: “em tempos internéticos, as cartas e gentilezas perdem espaço para as tecnologias constantes”, mas eu não creio em tudo que dizem, e ainda encontro tempo para escrever cartas. Não há nada caduco nisso, nem tanta modernidade em outros fatos.

E a moça, nem bola dá a tudo que passa presa aos sons de sua simpatia.

De qualquer forma, é melhor desligar a máquina.


eliz pessoa

quarta-feira, 11 de março de 2009

Foto: Paulo A. Gonçalves





Era pra ser simples e não vir cheio de muitas novidades. E a hora se fez tarde. Calmamente em suspiro inflou alguns resquícios de pensamentos.

A gente pensa demais e teima em achar graça de coisas sérias.
Não era pra ser alguma coisa planejada, nem organizada na corredeira dos dias, nem tinha razões de tanto existir. Apenas uma vontade latente na gente.

Ainda é cedo, pra tanta inquisição e eu proponho um outro artigo, definindo tanto plurais. Faz tarde lá fora, e aqui dentro centelhas de atos não camuflam alguma ação.
Eu me redigo e visto as caras de outras vontades, porque nem sempre, a vida se mostra por inteira e a colheita é semeada. Não há de ser nada e já é alguma coisa.

Eu ainda tento um texto, adormecido na quietude d’alma.
Mas por enquanto, uma fruta ainda faz sentido.


eliz pessoa

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Férias "brasilianas"

A cidade silencia na quietude das ruas vazias, em plena palidez dos dias banhados de chuva, ou ainda na expanção do verde espalhado nas gramas e nos altos galhos das árvores retorcidas do Cerrado.

De certo modo, os habitantes desta província arrumaram as malas e fugiram para outras caminhos. Em outros tempos, alguma coisa aqui dentro se queixaria, inquietando-se num certo vazio “brasiliano”. Estranhamente aquieto-me e identifico alguma intimidade com esse silêncio, essa ausência das gentes, ampliando as avenidas, agora largas e seus poucos... muito poucos carros a transitar aqui.

O tempo manifesta-se em instantes hiatos, onde os sons surgem nas coisas mais caseiras, na alegria dos pássaros, no soar do sino daquela ingreja franciscana, na insistência das gotas de chuva caindo sobre tudo lá fora, ou ainda nos intervalos das páginas de um livro qualquer, no descanço vespertino em plena quarta-feira, no descompromisso com as horas e na vagarosa preguiça das férias, em pleno nada. E como gatos, fico ali dentro, sobre a cama, quase de cabeça pra baixo, como se o mundo descanssasse em mim.

Atualmente, gosto mais da cidade assim, com ares interioranos, abandonada dos excessos provocados pelo barulho das gentes, com cara de outros tempos. E embora essas férias tenham cara de chuva, um gosto de vinho combina com o deleite dessa hibernação do final dos tempos pra alguns, e ao final do ano para outros.

E sobrevivo sobre a luz de uma vela acessa para um santo já esquecido, e faço férias em meu coração.

eliz pessoa