Um olhar, outras calçadas, uma mente que se inquieta com o movimento transformador da vida, depois da pupila certeira de outro amigo. Uma sinceridade latente chega dando forma as idéias de dentro da gente. As escolhas feitas, os desejos que emanamos pro universo e a certeza de que tudo se aproximou como a gente um dia almejou.
A vida, princípio que tudo finda na constante mudança das horas que passam correndo, sem dizer ao que vinha.
É tempo de silenciar de encurtas palavras emandas de um coração absurdo, perdido no agora. Enquanto numa rua qualquer um homem de pés sujos, quase pretos, dorme pesado sobre a sombra de uma marquise, confundindo-se com o chão onde os ratos desfilam suas fezes e as pessoas escarram porcamente suas verdades.
Do lado oposto, um sol escaldante de nossa seca, arde na pele, transformando a brancura das pessoas. E eu ainda me recordo daquele moço, cantando “àquele gosto amargo do seu corpo, ficando na minha boca por mais tempo..” Enquanto outras meninices dão plumas ao vento nas folhas lá fora. Ainda assim, é muito pouco pra tanto pensamento.
E esse amor-ardor que queima na gente instantaneamente, não me resgata nenhuma presença, não cala nenhuma vontade, não saceia minhas indescências. E eu (ainda) as prefiro desnudas, sem pudor, escancaradas na linha da vida. Que não cabe numa simples palma de mão, nem no meu incômodo em meio a todo resto.
Essa malícia sorrateira, esse medo do risco, arricando a gente. Essa teima interrogante de não estar aqui, neste instante já perdido em cada um que cala.
E me rendo aos caminhos do silêncio, porque as palvras perderam o poder.
Ah, o poder, não pondera ninguém.
“E o seu cheiro, forte e lento, ainda é minha grande sacanagem.”
eliz
(*) trecho em itálico da letra da canção Daniel na Cova do Leões – Legião Urbana
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