segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mato



Foto Eliz Pessoa


Um pouco de descompasso sobre as coisas, a infinita idéia do amanhã, alguns pertences, outras desarmonias escutadas lá fora, nas rádios, na mídia, na mania do existir incessantemente, um par de braços bem abertos ao mundo, o movimento da cidade burocrata e a descrição de todo o restante em volta, uma foto e um pensamento à toa, alguns planos guardados numa gaveta solitariamente empoeirada, o gosto pelo mato, pelo cheiro de mato, pelo barulho de cachoeira no mato, pela beleza dos rios do mato, pelas as montanhas cercadas de mato, pelos bichos viventes no mato e o gosto de novo pelas mesmas coisas. Frases resgatadas em esconderijos de livros e cartas, àquela voz amanhecida debaixo do chuveiro em dias que não sabemos as razões de um canto, outra agonia, velhas roupas doadas, um desenho tatuado na idéia, pessoas, itinerários, textos, pretextos e afins, legiões de possibilidades, outro ajuste na cabeleira, muita besteira jogada fora, conversa fiada, um vírus no sistema, a voz de Mercedes Sosa, um pouco de poesia, outras aliterações, o tempo imparcial sobre a face da gente, a conta-gota dos dias, um minuto de silêncio e o absurdo de um grito, a anciã de uma alma, a vastidão de um momento, o cálice, o calar meditado no absurdo de todos nós. O abismo de toda loucura escondida na gente, a vida, um passo para o nada. A mãe, o amor, o amigo. Os seios exposto ao vento, a nudez de nossas vergonhas, a fantasia jorrada lá fora, o apetite incomum, o cupom de um novo consumo, o excesso excedido nos olhos, o ódio desbravando o homem, a dor, o caminho, a ternura em meio ao nada, a alegria de um sorriso afoito, o olhar sedutor de outro alguém, a quietude e a festa, os opostos impostos sobre os vértices, o sexo, a tentação, outros desejos, certa inconstância agarrada na vida, o dinheiro e tudo ao mesmo tempo agora, fechado em nós, labirinto de quaisquer mudanças e o mato de novo em nós.

eliz pessoa

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