quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Usuário de Transporte Público no Detrito Federal - Parte V


                                                                 (Foto: Google Imagens)



Tem coisas que nos faz questionar nossas escolhas, uma teima martelando na cabeça. Ando assim, colocando em xeque algumas delas, como a decisão de estudar tão longe de casa. O problema em si não é somente a distância de um percurso a outro, mas em especial, a dificuldade que o transporte público enfrente nas grandes cidades. E Brasília cresceu para os lados e preservou-se no avião pensado pelo cara. Mas cresceu tanto e de maneira desgovernada e levou consigo problemas proporcionais ao aglomerado urbano que virou as cidade em volta.

Como não poderia deixar de ser por aqui, o transporte tornou-se um problema, até agora sem soluções plausíveis. Trânsito engarrafado todo santo dia, faixa exclusiva para ônibus que não resolveu o problema, do contrário, congestionamento exclusivo para ônibus e quase duas horas para chegar ao destino. Surreal e completamente imaginável.

Eu que sempre optei pelo uso cotidiano da bicicleta, agora experimento a falta da paciência e agonia de quem mora longe do trabalho no que deveria ser simples: ir e vir.

Soluções existem, mas no caso do "detrito federal", falta vontade e seriedade para lidar com o problema. Anos e anos de monopólio de um tal Wagner Canhedo, quase um Senhor Feudal do DF.

Outro dia disseram que iriam abrir concorrência pública para renovação de 88% da frota de ônibus. Isso se daria em março deste ano, mas que por problemas considerados "técnicos" não aconteceu na data. Estamos (todos) esperando até o presente momento. 

Enquanto prosseguimos a vida segue congestionada, com usuários entupidos uns sobre os outros, carregados como bichos. É como se estivesse fazendo um favor em carregar pessoas. Como se não pagássemos caro por esse serviço e tantos outros. Mas sem tentar fazer revolução somente em palavras, permito "o silêncio que precede o esporro" da canção.

Ontem foi assim, comum de todos os gêneros, gente se empurrando, outros tentando se manter em pé até chegar ao destino, uns espirrando com os vidros fechados, senhoras tendo que pedir licença para ocupar o lugar que seria seu por direito, jovens preguiçosos fingindo dormir para não ceder, falta de delicadeza, aperto e um certo desespero dentro de mim. Aquela falta de paciência típica de um geminiano quando roubam a sua liberdade, me invadiu por inteiro. E o que antes era humor, transformou-sem em escarro onde se suga tudo para cuspir com vontade.

Para piorar a sensação, duas jovens moças resolvem falar pelos cotovelos da vida dos colegas...ops! inimigos de trabalho. Esmiuçaram a vida de cada um deles, falaram dos defeitos, efeitos e um monte de tantas outras bobagens cansativas. Dali, comentaram sobre a opressão que sofriam, das vontades e provocações que sentiam, etc, etc e tal.

Impaciente, me segurei muito para não falar pras duas calarem a boca. Mas vivo numa tal democracia que me dá e dá à elas o direito de falarem onde quiserem. E todos somos obrigados a escutá-las, ainda  contra à vontade. Exausta, me senti como um homem,  com o saco cheio de falação de mulherada. Como cansa tudo isso! Como a vida é breve para se gastar tanto falando água, e como não irão chegar a lugar algum com essa verborragia. No máximo terão realizado desabafos, como o meu agora.

Dentro do coletivo caberiam algumas regras para preservação do espaço de todos. E elas são desrespeitadas. A primeira foi a do silêncio em meio ao inferno do purgatório que se tornou aquele veículo. O problema é geral, é de todos, é meu!

Quando conseguimos sair do terceiro engarrafamento, uma das moças faladeira se despede da outra e desce, enquanto a outra senta-se ao lado de um simpático senhor e começa a falar de Deus, da igreja, da visita que o senhor deveria fazer lá, da glória e para piorar tudo, da paz de Deus. Quem é ela pra falar da “paz de Deus” se ela conseguiu roubar a PAZ de todos ? Em especial a minha!

Hora bolas! A sorte da tal crente da língua quente, é que o senhor ao lado também vinha da família evangélica, pela glória do senhor, como ela diria. A minha sorte é que ela não veio sentar-se ao meu lado para tocar no mesmo assunto, senão ia escutar poucas e boas e jamais roubaria novamente a minha paz num dia estressante.

Cruz Credo!!!

elizpessoa

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