segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Choveu




                                                                            (Fonte: Google Imagens)


Choveu como aclamado, e além do esperado.
Choveu forte e tempestivamente.
Choveu lavando os vidros carregados de poeira cinzenta, ar cinzento, palavra cinzenta.
Choveu nos gramados ressecados, estorricado pelos raios do sol de um ano inteiro.
Choveu numa sexta-feira de eventos, e ninguém dançou a dança da chuva, nem alimentou raízes de novas esperanças.

Choveu num apelo seguinte, lavando as ruas da cidade, molhando o teto das casas, o topo dos edifícios, a bicicleta, o desassossego, a metonímia das coisas, a coisa toda.
Choveu no olhar das crianças, nos cabelo das meninas, sobre a barba de alguns homens, na superfície infantil, no pátio do colégio.

Choveu sobre as árvores, flores, folhas e frutos.
Choveu sobre o silêncio, sobre o barulho da vida que corria lá fora.
Choveu aqui dentro, em cada detalhe de uma renovada argumentação.
Choveu enquanto, paciente, assistia o escorrer das águas na quadra.
Choveu enquanto alguma coisa se materializada no asfalto.
Choveu sobre o calor, sobre o meus também olhos ressecados.
Choveu na cabeça de ideias constantes, na malícia, no inesperado, no anúncio de uma nova estação.

Choveu na minha Primavera tão quente.
No meu colorido tão quente.
Calorosamente sobre a minha embriagues, sobre o lago, mares e rios que correm livres aqui dentro.


Choveu sobre a minha capacidade de existir.


elizpessoa

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