terça-feira, 7 de agosto de 2012

D r ã o


                                             (Foto: http://intervalodanoticias.blogspot.com.br)


Ela observa-me através do vidro. Atenta aos detalhes corre o olhar passageiro... Sem jeito desvio a vista e miro o estádio em reconstrução, tentando imaginar a apreensão dos operários da obra, que viram seus colegas de serviço ferirem-se, e outro morrer em menos de um mês, aproximadamente. Quanto vale a vida do trabalhador? Quanto vale tudo isso?

De olhos fechados as ideais voam longe, perdem-se de mim afastando um pouco a realidade das ruas ao som da canção que retrata um homem que, ao assistir ao filme, o conta com mais entusiamos que a própria história relatada. Quanto de fantasia cabe em cada um de nós? Entre uma melodia e outra, habita a realidade, rápida, endurecida e concreta.

Me pego pensando num devaneio: e se eu resolvesse cantar em voz alta a música que ouço no mp3, para onde essa canção me levaria? Quantos espaços cabem no meio do nada? E se todos resolvessem não me olhar com indiferença e estranhesa? Se cantassem comigo num coro novo, uma canção do Gil num Drão de pensamento? Quebrariamos por um instânte a mesmice enfadonha dos dias?
Ela agora compreende o ópio e o óbvio de tudo isso.

Isso não cabe numa única viagem tão curta e tão longa, recheada de rostos desconhecidos e completamente iguais.

Ela também não entende quase nada do que eu digo, e ainda assim sigo cantando.
Rapidamente o olhar encontra um jovem Rock and Roll, que espreita minha escrita, lembrando um tempo que escapou da gente enquanto viviamos.

elizpessoa 

Nenhum comentário: