(Foto: http://intervalodanoticias.blogspot.com.br)
Ela observa-me através
do vidro. Atenta aos detalhes corre o olhar passageiro... Sem jeito desvio a
vista e miro o estádio em reconstrução, tentando imaginar a apreensão dos
operários da obra, que viram seus colegas de serviço ferirem-se, e outro morrer
em menos de um mês, aproximadamente. Quanto vale a vida do trabalhador? Quanto
vale tudo isso?
De olhos fechados as
ideais voam longe, perdem-se de mim afastando um pouco a realidade das ruas ao
som da canção que retrata um homem que, ao assistir ao filme, o conta com mais
entusiamos que a própria história relatada. Quanto de fantasia cabe em cada um
de nós? Entre uma melodia e outra, habita a realidade, rápida, endurecida e
concreta.
Me pego pensando num
devaneio: e se eu resolvesse cantar em voz alta a música que ouço no mp3, para
onde essa canção me levaria? Quantos espaços cabem no meio do nada? E se todos
resolvessem não me olhar com indiferença e estranhesa? Se cantassem comigo num
coro novo, uma canção do Gil num Drão de pensamento? Quebrariamos por um
instânte a mesmice enfadonha dos dias?
Ela agora compreende o
ópio e o óbvio de tudo isso.
Isso não cabe numa
única viagem tão curta e tão longa, recheada de rostos desconhecidos e completamente
iguais.
Ela também não entende
quase nada do que eu digo, e ainda assim sigo cantando.
Rapidamente o olhar
encontra um jovem Rock and Roll, que espreita minha escrita, lembrando um tempo
que escapou da gente enquanto viviamos.
elizpessoa
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