(foto: elizpessoa)
Ele não sabia do
tamanho de sua displicência, quase inocência diante das coisas. Caminhava pelo
mundo como quem procurava a solução das soluções. Em meio a essa bagunça toda,
acabava encontrando muito dele no nada.
Ele não tinha um
sentimento profundo, muito menos raso. Vivia entre o ópio das sensações que não
cabiam somente nele, mas emprestava-se nela, nelas, neles e em todos os outros
desgovernados ao som de uma canção The
Strokes.
Perdido em meio à
multidão daquela festa, que agora distante já pede passagem no atalho de tantas
pessoas, que foram sem contar sua história, sem ao menos dizer ao que vieram...
Ainda assim já se vão fingindo felicidade, em tempos aborrecedores.
Ele e todos eles não
sabem a medida certa das incoerências, pois ao final de todas inequações a vida
não mais pede um centímetro de nossa maturidade. Do contrário, reclama como um
diabo ao lado de nosso ouvidinho esquerdo pedindo por mais uma sedução dizendo:
se perca de você mesmo, para encontrar algo melhor no final da parada. Mas esse
pequeno elemento vestido em trajes de carnaval, não existe senão por nós
mesmos. O capeta da palavra gasta, o cara da oratória, o mau elemento que só
clama por mais uma dose, outro gole de nossa própria extravagância diante de
uma vida falha e equivocada, com malícias que deslizam sobre a língua ao lamber
o ser.
De tanta existência,
muitos deixaram pra lá, pois ainda era cedo e o sol ainda não havia raiado
alegremente enquanto todos amanheciam embriagados.
Loucas horas de nossa perversão.
Ele, a palavra, os outros, a festa, o álibi, a sede, ela, o outro, a
música, a droga das expressões mais verdadeiras, todos entorpecidos sobre o
vazio da meia palavra.
Ela nem sabia escrever
e ainda assim escrevia, tentando perder alguma coisa rara. Mas só conseguiu se
encontrar nas curvas de suas divagações desconectadas. Tudo isso para ouvir só
um cadinho The Stroke no ouvido.
elizpessoa
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