(Fonte da Imagem: Google Imagens)
Outro dia me disseram
que eu era muito parecida com a moça do filme Clube da Luta. Aquela moça que
vivia de grupo em grupo pirando o cabeção, personagem Marla Singer. Em princípio
achei a comparação muito maluca, responsabilizei o visual por isso, e até hoje
sei que na verdade é só isso. Não satisfeitos, agora a moça se vira pra mim (mais
de uma vez) e diz que eu sou maluca, que não tenho nada de normal. Pior! Diz
que essa frágil opinião não é algo pessoal, que as pessoas também acham isso.
Sem problemas quanto ao fato de me achar estranha, quem não é estranho sozinho
num quarto sem espelhos? E porque eu seria diferente?
Bem, o problema não é
ser “diferente” uma única vez, mas a insistência em me fazer diferente foi o
pecado mortal dela para comigo. Dizer isso, repetidas vezes, me incomodou
bastante. Mas o incomodo se deu de Eliz para Eliz, de Pessoa para Pessoa, porque
um ser como eu, a essa altura do campeonato, quase nos 47 do segundo tempo,
pertinho de término do jogo, ainda encontro tempo para me incomodar com a
opinião que algumas pessoas possam tecer ao meu respeito? Será que ainda
encontro tempo para montar imagem para os outros?
Mas perdoando as falhas
alheias e amenizando o incomodo das minhas, fiquei ruminando na estranheza
de todos nós. Sem exceção! Sem tirar nem pôr, sem aumentar uma frase. Como alguém
consegue achar que é normal, pensar-se “normal” num mundo completamente
alucinado? No máximo é mais um louco beirando ao precipício. Quer loucura maior
do que distrair-se assistindo televisão? O meu estoque de paciência e burrice
já se esgotou. Só agora é que compreendo
o real e plausível contexto da canção do Titãs quando dizia “que é que a televisão me deixou burro,
muito burro demais”. Sinto-me assim, subestimada a nada. Mas como não sou a
louca como tentam me provar, não ando jogando pedra em quem ainda se anima com
a tela da TV, respeito a vontade e o gosto das pessoas, não as acho menos
inteligente por isso. Só não quero mais e prefiro outros exercícios, ainda que
só consiga correr atrás do meu próprio rabo, como os cachorros que se divertem
sozinhos.
Na minha fajuta e
desnecessária opinião, só os animais praticam algum tipo de normalidade. Não
nós humanos!
É cada vez mais
perecível esse aspecto de sanidade nos arredores da nossa cidade, dentro das
nossas casas, nas instituições que se camuflam de sérias para brincarem com a
cara da gente. Também não estou aqui bancando a revolucionária do texto, até
porque ele acaba quando o cuspo como estou fazendo agorinha mesmo. Mas, não
venham com esse papo de anormalidade, com esse discurso do Eu Sou Normal, porque
na verdade rasa das coisas, desconfio das ações mais perfeitas, das palavras mais
prontas, das ações mais pensadas e do silêncio mais profundo. Prefiro inverter
o olhar sobre a rotina, para não enloucrescer de uma vez só, e seguir vivendo
um pouco mais que tudo isso.
elizpessoa
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