segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ensaio sobre um possível estado de loucura



(Fonte da Imagem: Google Imagens)


Outro dia me disseram que eu era muito parecida com a moça do filme Clube da Luta. Aquela moça que vivia de grupo em grupo pirando o cabeção, personagem Marla Singer. Em princípio achei a comparação muito maluca, responsabilizei o visual por isso, e até hoje sei que na verdade é só isso. Não satisfeitos, agora a moça se vira pra mim (mais de uma vez) e diz que eu sou maluca, que não tenho nada de normal. Pior! Diz que essa frágil opinião não é algo pessoal, que as pessoas também acham isso. Sem problemas quanto ao fato de me achar estranha, quem não é estranho sozinho num quarto sem espelhos? E porque eu seria diferente?

Bem, o problema não é ser “diferente” uma única vez, mas a insistência em me fazer diferente foi o pecado mortal dela para comigo. Dizer isso, repetidas vezes, me incomodou bastante. Mas o incomodo se deu de Eliz para Eliz, de Pessoa para Pessoa, porque um ser como eu, a essa altura do campeonato, quase nos 47 do segundo tempo, pertinho de término do jogo, ainda encontro tempo para me incomodar com a opinião que algumas pessoas possam tecer ao meu respeito? Será que ainda encontro tempo para montar imagem para os outros?

Mas perdoando as falhas alheias e amenizando o incomodo das minhas, fiquei ruminando na estranheza de todos nós. Sem exceção! Sem tirar nem pôr, sem aumentar uma frase. Como alguém consegue achar que é normal, pensar-se “normal” num mundo completamente alucinado? No máximo é mais um louco beirando ao precipício. Quer loucura maior do que distrair-se assistindo televisão? O meu estoque de paciência e burrice já se esgotou.  Só agora é que compreendo o real e plausível contexto da canção do Titãs quando dizia “que é que a televisão me deixou burro, muito burro demais”. Sinto-me assim, subestimada a nada. Mas como não sou a louca como tentam me provar, não ando jogando pedra em quem ainda se anima com a tela da TV, respeito a vontade e o gosto das pessoas, não as acho menos inteligente por isso. Só não quero mais e prefiro outros exercícios, ainda que só consiga correr atrás do meu próprio rabo, como os cachorros que se divertem sozinhos.

Na minha fajuta e desnecessária opinião, só os animais praticam algum tipo de normalidade. Não nós humanos!

É cada vez mais perecível esse aspecto de sanidade nos arredores da nossa cidade, dentro das nossas casas, nas instituições que se camuflam de sérias para brincarem com a cara da gente. Também não estou aqui bancando a revolucionária do texto, até porque ele acaba quando o cuspo como estou fazendo agorinha mesmo. Mas, não venham com esse papo de anormalidade, com esse discurso do Eu Sou Normal, porque na verdade rasa das coisas, desconfio das ações mais perfeitas, das palavras mais prontas, das ações mais pensadas e do silêncio mais profundo. Prefiro inverter o olhar sobre a rotina, para não enloucrescer de uma vez só, e seguir vivendo um pouco mais que tudo isso.


elizpessoa

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