(Foto: Eliz Pessoa)
Logo e bem rapidamente
sigo pelas ruas da cidade. Muros pichados em palavras de protestos, outros
recheado da arte dos grafites que dão certo ar e graça a vista do cidadão que
passa. Ônibus, sacolas plásticas jogadas aleatoriamente ao chão, lixo e o
trabalho incessante dos garis que varrem às ruas dos não civilizados. Torre de
transmissão levando o sinal do mundo num piscar de olhos do indivíduo.
Tecnologia e tecnofobia de tudo.
No tempo da pressa no
asfalto, os atalhos nos remetem a nós mesmos. De repente me pego processando
uma ideia proveitosa: e se eu pudesse pedalar e ao mesmo tempo recarregar a
bateria do meu aparelho mp3 e assim seguir viagem sem deixar a música falta aos
ouvidos? Soube que no interior de Minas, um prefeito anda estimulando seus
presos a diminuir à pena pedalando e gerando energia para as praças da pequena
cidade. Pelo o menos seis horas de pedal por dia são suficientes para colocar o
coração em forma e a alma em juízo. Penso...
De alma carregada à
pressa continuar fazendo parte das mesmas coisas, e sempre encontra espaço
entre um pensamento e outra correria. Na mochila pesada, outra vida lá dentro
carregada nos livros, nas promessas de inscrição, nos papéis maus recolhidos da
estante do quarto, no maior peso de todos, advindo das contas que contam dias.
Mas a cidade... Ela sim
parece engolir muito dos seres que nela se experimentam. Parece viva cálida e
cansada. Reinventada nos acumula de sua personalidade. Ou seríamos nós que a submetemos
a isso? Inteira e despedaçada, calçada todos os dias por pessoas, animais,
veículos e outra animosidades. Não posso me perder quando transito por suas
avenidas. De fato nem haveria como, pois a conheço melhor que a mim mesma. Sei dos
teus artifícios para me enganar, de sua maestria em me seduzir, do seu dedo
sujo apontando o nariz de outro. Sei até, de alguns segredos guardados em suas
entranhas. Mas você, nem pensa muito sobre a minha cidadania.
Bem penso que caberia a
minha pessoa, cuidar da sua imagem, mantê-la limpa. Bem mais que isso, caberia
a mim, cuidar de suas dores também.
Sigo por suas ruas e
penso em você, cidade minha, como parte de tudo que me habita.
elizpessoa
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