quinta-feira, 1 de março de 2012
Ela
(Foto: Internet)
Ele revira a lata, olha dentro, profundo, como quem tenta invadir o submundo da alta. Submundo da pedra branca e amarga como a rotina da gente.
Ele ali, eu aqui, olhos afoitos e amedrontados, subversão da versão alheia.
Como numa metástase a pedra espalhasse rapidamente nas avenidas da cidade, imundos e desamparados pelo medo, atordoados pelo vício, homens, mulheres, crianças definham lentamente ao revés da lentidão das palavras.
O medo de não tê-la, detê-la e emagrecer em sua nóia, como defunto vivo que teima em sobreviver em branco e preto.
Pedra defumada, verbo esgotada em si mesmo. O antídoto, o veneno dos olhar alheio, que se encolhe diante a nova verdade.
Atalhos de um ser humano pele e osso, olhos arregalado, gigante, filho dessa pátria mãe desgraçada na senzala da gente. Papel alumínio, droga e marmita pra quem ainda experimenta a fome, quando ela (ainda) vem.
Ele e a lata.
Ele e a pedra.
Ele e a lata.
Ele, os outros...
A pedra,
Os outros,
Ele, a pedra no calo da gente.
Ele e ele mesmo. Assim calado e desvairado,
Preto diante da branca pedra maldita!
eliz pessoa
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