quinta-feira, 30 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa

No início é o impacto, o surto e o beliscão apertando a consciência da verdade.
É quando se chora compulsivamente e algo parece fugir ao controle, como se quiséssemos parar o mundo e descer. Só que não descemos. Nosso instinto de superação sobrevive às migalhas do rompimento que não rompe conosco, pois seria, e é impossível caminhar sem nossa ação voluntária e muitas vezes (maioria delas) solitária, num vazio que insistimos habitar em nós. Pura mentira! Somos tão preenchidos de tantas coisas, só nos esquecemos disso no ato de desespero natural, humanamente viável.

Depois vem o dia... E outros, e embora a lembrança martele na memória algumas imagens fadadas ao esquecimento, as posições, agora invertidas, não tecem mais os mesmos contornos. É preciso parar o “muro das lamentações” e proclamar um canto novo, iniciado de dentro para fora de nós.

Não há receitas de bolos para certos descompassos descoliografados pelo tempo, mais de passo em passo, caminhamos a cidade inteira. E gradativamente novas performances nos serão cobradas, pois o tempo não tarda em seus compromissos. Do contrário, nos cobra ruga por ruga de nossas noites mal dormidas, nosso excesso de exposição ao sol, de nossa negligência com o uso incorreto das palavras. E a pena, recai sobre nós.

É preciso sintonia para acompanhar as notícias do rádio. Para amadurecer as relações, tempo. Senão arranhamos fatos gravados em vinis, machucando a agulha sobre a superfície de músicas que resgatam lembranças tardias.

Em meio a tantos escritos, é preciso deixar morrer alguns deles. Não que eles não sejam importantes. Eles apenas foram importados made in passado. Assim mesmo, incrivelmente cru. Porque a vida é o momento e todos eles esvaem-se, do mesmo modo como nós jamais seremos os mesmos como os idos, lidos neles.

Mas com todas essas novas possibilidades, ganhamos a liberdade de depreendermos das mesmas vertentes. Renascidos, a vida embeleza-se e convida-nos à festa, exigindo novas roupagens, jogando fora mortalhas, amordaçando a língua minguada para os assuntos que perderam o prazo de validade.

Completamente, ficamos quase prontos para o novo espetáculo, onde só admite-se borboletas renovadamente coloridas. Deixando o casulo de lado, sobrevoamos nossas novas transições.

Equilibradamente, experimentamos desequilíbrios para tentar caminhar sobre a linha tênue entre a superação da dor, que não mais nos pertence, esvaiu-se em persistência na rotina dos dias, que, às vezes, parecem fadigados em si, mas resplandecem inteiros em nós.

“E agora José, quem disse que a festa acabou?”.

: : eliz : :

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

foto: internet

“Poeira, poeira lavadeira, enfeitadeira, poeiraPoeira vermelha...”

Eu não saberia contá-la, cantá-la, porque minhas palavras são tão rasas, perto de voz forte de uma morena árida e eternamente doce, uma flor do Cerrado, fruto de nossos conflitos tão bem relacionados em sua convivência.

Presença em forma de presente nos palcos da cidade, consegue resgatar na cidade de muitas províncias, nossa identidade - alma de artista.
O que é ser brasiliense.

Compositora de nossas verdades, de nossa Ceilândia e suas feiras nordestinas, tão a cara de uma Brasília escondida no entorno transbordando em nós.
Ela é daqui e por isso mesmo do mundo. Cosmopolita, poesia refletida pelas luzes do espetáculo de sua presença. De tantos outros cenários e espetáculos que ela pisará cantando sua arte, com a voz que impõe respeito até ao público mais desatento.

Cantora, compositora, percussionista, artista cênica, dona de idéia repleta de sua personalidade: “razão, consciência, senso, inteligência, uma cabeça pra pensar”. E ela pensa, e ecoa sua alma pelos cantos de Brasília.

Filha de N’ Razões, Damas de Ouro, melodia desgarrada, sorriso avassalador e simpatia contagiante. E ainda dizem que essas qualidades não são naturais por aqui.

Ela é o samba, funk, afoxé, música de preto de branco, de pardo.
Música miscigenada em sua garganta, em sua raça, que é minha, é nossa e não é de ninguém.

E se há algo engrandece um povo, é a arte quando reflete a alma do lugar.

Ellen Oléria, esse nome cantará história em nós.

: : eliz : :

terça-feira, 28 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa

Não queria mesmo arriscar um texto novo, porque por vezes a novidade caminha repleta de atos falhos, desvalidos em sensações escorregadias. É quando as histórias escondem-se dos dias descontextualizado-os, como um escritor sem escritos.

Então, forço-me e não estraio nada, traindo-me estupidamente. Porque a vida não desnuda-se quando nos aprontamos para a festa. A vida vai além de tantas programações e pede passagem sem que liberássemos o caminho. E presente para quem presenteia-se das delícias propostas por ela.

Teimosamente, arrisco cifras que não valorizam a infinitude do momento e ainda a tanto o que jogar fora perambulando palavras. Ainda arde caducas sensações, quando muitas idéias hipnotizam-me, tapando o olho direito como piratas a realidade escondida na hora perdida.

Aí, escrevo e apago, depois modifico a posição das palavras e as leio, achando que não era bem isso o que eu queria dizer (e eu nem sei o que quero dizer a todo tempo) embora todos os motivos façam-me contar coisas... do fogo ardendo na mata, o libido de um sonho indescente e perturbador, a frase que alguém deixou cair e eu peguei prematuramente, os livros amontoados na estante da parada na quadra, as duas luas do mês de agosto, as posições de Marte e Vênus na casa cinco, conjugando atitudes belicosas e ousada no ato do nascimento da moça, contrastando a todo o restante latente aqui.

E tudo inquieta-me tanto, do ensandecido barulho, aos absurdos propostas pelo silêncio.

Talvez, de tudo fique um pouco. E pouco a pouco um texto encontra-se, perdendo palavras.

Mas sinceramente, às vezes me cansa tanto etinerário...


: : eliz : :

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa

Porque escrevo para tornar o mundo menos importante, mais próximo daqui.
Dos dias, das ruas, de tantos olhos sobre as mesmas coisas fantasiadas por nós.

E assim sigo galgando outras arbitrariedades, desmistificando alguns juízos.

Escrevo para ficar mais próxima de mim e para me negar no dia seguinte, como se nada daquilo mais fosse verdade, ou ao menos, houvesse existido em essência.

Talvez por não saber fazer outra coisa (ainda) escrevo, e teço-me num terço cheio de poesias e cansaços das melodias impregnadas por elas. Por isso me perco e rendo-me em cada palavra. Depois descanso a língua cansada de tantos contos e tantas metades desfeitas. E fico só, namorando palavras adormecidas em outras cidades, reescritas por outros punhos serrados em mim.

Pulsando como o relógio nos dias, arrisco rabiscos, e olho torto a grafia de minha personalidade desmascarada por elas. Porque nem sempre me aceito.
Depois acredito em outras possibilidades, novos rascunhos, cadernos de caligrafia, para arredondar e domar a letra, e tento enfeitiçar os olhos que deslizam sobre as formas disformes. Permito que elas se se encostem aos cadernos destinados a outros estudos, ignorados por mim.

Humanamente, amo as palavras e trago-as pra dentro, escrevendo livros amontoados em minha imaginação, vasculhada de tantos pertences alheios, poetas sentidos nos lidos de minha leitura.

E me deixo penetrar, eternizo noites de amor, cumplicidades esquecidas nos corpo alheio e revividas aqui, como saudades, saudando lembranças pintadas por letras coloridas.

Porque me desconheço sem elas, como o vício de substâncias entorpecidas, roubando e resgatando sensações infindas...
E dependo da manifestação delas em mim.
Quase uma entidade, em segrego espalhado na vastidão de devaneios e na arte de senti-las inteiras nos pedaços de mim.

: : eliz : :
foto: eliz pessoa

Inteiro, ele se mostra, cronicamente sentado sobre o banco da praça, próximo ao centro da cidade, onde passos “machadianos” de muitos Assis dão nome a importância ao maior entre eles, bem ali, no Largo do Machado. Letrados asfaltos, calçados por pés de gente comum de todos os gêneros, anônimos em muitos caminhos.

O tempo, alimentando pombos, perdido em si mesmo e fazendo-me encontra-lo na imagem registrada pela modernidade digital, maturando pensamentos que exercitam palavras aqui.

Paro um pouco afastada e registro ao longe a fotografia que diz tudo que experimento depois de provocada pelo senhor de brancos cabelos longos e olhar desconfiado com minha presença confusa. Arrisco-me novamente, deixando de lado toda minha caretice e aproximo-me do tempo, envelhecido nele.

Autorizada por seus olhos cansados e inibidos, pelo seu Português escondido na língua silenciosa. Mas ele aprova com um rabo de olho o registro da imagem que pariu o anseio de um novo texto.

Então, posiciono-me já com os pombos dispersos e a carta manuscrita em suas mãos de muitos aniversários, vêem dando mais sentindo a evolução da palavra.
Por outro lado, ele finge não se importar com minha presença, mas denuncia-se com um olhar de vista baixa no momento da foto.

Um click afasta-nos, ao mesmo tempo em que aproxima-nos o imortalizando na imagem congelada pela foto, e eternizada enquanto vida houver aqui.

O tempo contando verdades, decifrando mentiras, bordando imagens e despertando todo o sentimento latente das letras jorradas em folhas de papéis que não desnudam quem delas se empresta, mas conta o que o escritor arriscou dizer.


: : eliz : :

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa


Logo quando chego, já sinto os efeitos do clima nos poros das narinas.
Pele, cabelos reagem simultaneamente à aridez da secura.
180º Graus de um céu que parece engolir a gente...

Agora, tudo é plano, concreto, arquitetado pela idéia de homens.
Erguida, tijolo sobre tijolo, pela força de trabalho dos candangos, nordestinos, muitos deles mortos nas valas das obras da construção, de uma cidade mística e futurista, com prazo para fundação – fundição dos sentidos.

Cidade pré-matura, centro das decisões, e aos 47 anos, sua história continua sendo construída, como num quebra-cabeça, peça por peça.
Por aqui não há uma identidade, mas o encontro delas, língua em movimento, metamorfose ambulante. O que a torna mais interessante é essa fusão de culturas, a troca de experiências de todos essas querências, de todos esses Brasis.

Multifacetada, miscigenada, organizadamente confusa, “ilha da fantasia”, labirinto de sensações nas pessoas que aqui se esbarram e esvaecem como pescadores de ilusões, mar de gente.

Em meio a calmaria provinciana, centro das atenções atraídas para o núcleo do poder, tão repleto de insanidades. Como uma Nova York, cidade de muitas línguas, gírias e etnias. Aqui o Brasil se encontra e confronta-se nas diferenças, enriquecendo as relações.

Os filhos paridos por ela, são brasilienses e geralmente trazem em suas veias, sangue nordestino, criações mineiras e corações carioca.

Além de tantas possibilidades, indígena, negra, confusas por tantas erupções camufladas por nós. Misturada por nossos desejos de nos encontrarmos no corpo do outro, de outra cidade, de outras vertentes, de outros abismos que cabem tão bem em nós.

Brasília, mãe de muitas verdades.


: : eliz : :

domingo, 19 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa
Enquanto os caras ao lado, fumam seus baseados, exalando a essência nos ares do sol, que preparasse para poer no Arpoador, alguns namorados apertam-se em abraços sensuais, provocando fragmentos de alguma sensação furtiva. E lá embaixo, as ondas do outono, entregam-se sobre as pedras, provocando barulho no Atlântico. Os meninos do Rio olham curiosos os atos da escrita, e nem sequer percebem que já fazem parte do desenvolver das palavras contidas nela.

Uma nova tragada, traria lembranças entorpecidas, mas ainda prefiro desconhecer o caminho.

Uma linda garota do mar empresta suas formas as curvas das ondas cristalinas. Mergulha sua prancha, furando-as.
Como pássaros, nos esprememos em busca de um lugar na pedra, para receber os últimos raios de sol de domingo no Rio. Reboliço de idéias...

“Pra caralho alguém diz ter melhorado”.
Tomara...

Alguns rituais vêm dando ênfase ao texto jogado ao mar. Quando a caneta colori de tinta, linhas seguras.

O que antes era bonito, agora não passa de ridículo e sorrir de tudo isso, não é bem um remédio, mas desmistifica o caminho anteriormente percorrido.

Talvez tanta poesia, canse mesmo...

Malandragem, palavra preterida para ativar outros pertences. E eu não pertenço a tantos “nadas”.

Como surfistas que espreitam sua hora sobre as ondas, eu também aguardo a minha. Outras ondas e marés. Mares de mim.

Os raios de sol já não miram o Vidigal. Lá, a sombra já faz morada.
Rarefeito, raridade, rara essência.
Raramente estamos assim.

: : eliz : :

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Dentro de mim, há um abismo repleto de múltiplas palavras.
Há também intervalos de tempo, descompassos de solidão.
Maremotos, redemoinhos, Paineiras... Emoção.

Dentro de mim, há uma estrada e vários caminhos.
Algumas sentenças... Recomeço e vastidão.

Dentro de mim moram lembranças, cartas escritas, textos repartidos. Inundação.
Ações destemidas, movimentos fluidos, escorregadia sensação.

Dentro de mim há um poeta, um amor... e outro, outro, mais um passo coreografado pelo tempo. Um segundo de libertação.

Dentro de mim, brotam festas...

Dentro de mim, muitas coisas acontecem e perdem-se com a vida, com os prazos, com as regras, com a lida.

Dentro, bem dentro de mim, há um ser que desconheço, que ignoro, que não dou essência a existência dele.

Dentro e fora de mim sobram túneis, cidades esquecidas, frases tardias, sentimentos molhados.

Dentro, dentro, dentro... Às vezes, não há mais nada.
Apenas o silêncio de uma foto esquecida no banco de uma pequena praça.


: : eliz : :

FLA X FLU

Foto: eliz pessoa


Até mudei a cor da caneta (antes vermelha) para dar sorte no jogo.
Por ironia, estou no bairro do Flamengo. Mero detalhe...

Visto minha camiseta black power em verde e amarelo, solto a cabeleira pra fazer jus ao as palavras exibidas nela. Dirijo-me a Praia do Flamengo e no caminho deparo-me com alguns flamenguistas pingados. Aproveito o processo e os sigo. A condução que eles pegarem será a minha.

Redigindo alguns detalhes... Noite de clássico no Maracanã.
FLA X FLU e lá vou eu.

Escrevo para afastar pensamentos, enquanto o trânsito não ajuda o desenvolver das palavras. Pela primeira vez, impaciento-me com algo no Rio.

Lá fora, alguns torcedores saltam dos carros e seguem a pé.
Salto no “maracá” do lado dos portões da torcida do Flamengo. Confusão generalizada, e eu correndo da massa rubro-negro. Indo assistir ao jogo do lado do tricolor carioca.
Correria e mais correria pra chegar em tempo de pegar o início do jogo.

O cartão comprado em mãos de cambistas amedronta-me, quando arrisca falhar na hora do vamos ver. Frio na barriga... Mas não falha.

Maracanã, cá estou.
Palavrões infindos e até eu quero gritar: “Sou tricolor! Ô! Ô! Ô!”. Eis o poder das massas.
Se há uma palavra que expresse tão bem uma noite de clássico, é festa.
Do lado tricolor, os palavrões brotam da saliva de muitas línguas, sem muito cuidado. E quanto mais pesados, mais alimentam o clima de rivalidade entre as torcidas.
E lá vem a bandeira gigantesca do Flu. Passa de mão em mão dando cores a carnavália do momento.

No telão, jogadores são anunciados, colocando à par os mais desinformados. Quando Roger é vaiado. Também pudera, quem manda vestir a camisa e sair beijando outra? E se faz com o último, fará com os outros. Como se tudo, de repente, fosse mesmo uma questão de cifrões cheios de bolinhas arredondas à direita dos números.

Começa o clássico. Alguns se benzem, fazendo o sinal de cruz e beijando a camisa, pais e filhos compartilham a mesma emoção, quase hereditária, em alguns casos. Xingam, torcem e vibram. É um tal de: “senta veado!!!” E um instante, para ver o jogo.

Aqui, qualquer cabeçada, empurrada provoca reações alérgicas na galera. E os “veados” continuam todos de pé, tampando a visão do fanático torcedor que pede: “Chega junto porra!”. Quando o jogo muda de fases com certa constância, como hormônios nos corpos femininos. Já me sinto parte da festa, desesperando-me e divertindo-me com os tricolores cariocas.

O fato é que a torcidas faz mesmo de tudo para estimular seu time e desenvolver a “parada”.
Dedadas, filhos das putas multiplicadas e muitas “porras” ejaculadas pelas línguas proféticas do público. E qualquer chute aproximado do gol é motivo, ou de tensão, ou de intuições despudoras. Eu quero ver gol!

Roger pega pesado no lance, provocando a fúria fluminense, que grita: “Roger, filha da puta! O Fluminense não precisa de você!!!
Renato Gaúcho, ex-técnico do Vasco da Gama (meu time de coração) fica ali, em pé, visivelmente apreensivo, quanto seu arc rival, dono de uma língua desastrosa, assiste no bando de sua inquisição.

Agora é a vez dos hormônios masculinos manifestarem-se nas palavras, gestos dos machos torcedores. Ficando nítido que os jogadores, jogam com a emoção das pessoas. Bombeiam corações de milhões, muitas vezes sem preparo, e é aí que carecas puxam cabelos inexistentes, gargantas ressecadas esgoelam-se sem serem ouvidas, palavras viram crônicas e paixões ficam mudas. E qualquer desleixo de uma bola atrasada, ou esquecida é motivo de desespero, mas nunca desesperança.

E lá vem a maca para um jogador-ator, ou atleta contundido.

E de repente ele ergue-se, dribla e deixa pra traz seus adversários e segue, praticamente sozinha ao rumo do gol... E é, GOOOOLLL do Flamengo!!! Às 21h17, treme as arquibancadas e é festa do outro lado do estádio.

Desconfiem sempre que um zagueiro toma fôlego, avançando sozinho na grande área. Fatalmente é gol. E para quem permite o acontecimento, é sinal de esquema tático defasado. Vacilo mesmo, no bom e grosseiro Português. E nunca vêem junto de um gol, apenas um ponto, mas outras vibrações, a estima elevasse, a moral fortalece, enquanto no sentido contrário à impaciência adversária pede passagem, passando.

Final do primeiro tempo: 1 X 0 para o Flamengo.
...
Esfomeada pela idéia do empate é o estado do tricolor no início de segundo tempo.
O álcool já enfeita a escrita, o “maracá” efervescendo e o “merda” do Soares que “fode” qualquer possibilidade de uma boa jogada... “Fudeu!”

Emoção escancarada, bandeiras hasteadas e é guerra dentro da cada um de nós.

59.281 presentes. 49.828 pagantes e 759.126 cifras ($) somam os números da noite.

Como o jogo não muda no desenrolar das palavras, e restando alguns poucos minutos para o findar do jogo, alguns torcedores tricolor, já se dispersam.

Pro Fluminense falta finalização nas jogadas. Para o Flamengo, falta jogo, porém há finalizações. Eis o que determina o placar de um clássico.

Restando pouco menos de três minutos para o término do jogo, a torcida, torce, empurra, faz das tripas coração... E haja fôlego para tanta emoção derradeira.

Nessas horas, a vascaína que habita aqui, alivia-se por não estar na pele dos tricolores carioca, enquanto os Aiatolás Flamenguistas, esgoelam as cordas vocais, a imprensa invade o gramado para roubar comentários fajutos de jogadores, que nem sempre jogam o que devem, mas falam atrocidades vazias.

1 X 0
FLA X FLU
Clássico Carioca

Maracanã, um sonho plausível...

p.s.: aos queridos tricolores marcos e marcos jr. cariocas da gema, conhecidos na arquibancada do estádio. Valeu a companhia e a conversa jogada fora, nos bares do Largo do Machado.


: : eliz : :

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Rio, trem do Corcovado, às 11h40. Sobre a plataforma, chegada do trem... Máquina digital, turistas diversos, sotaques nordestinos, língua indecifrável pelo áudio do ouvido inatingível, brasileiros cheios de gracinhas, em especial os conterrâneos de “mainha”. Gozação com lista de presença... Guia carioca cheio de suingue, histórias que somam Arquitetura, Geografia, Família Real Portuguesa, riqueza da época do café, exploração da terra, desmatamento desenfreado. Conscientização, ação de mãos que trabalham com práticas possíveis e replantam sonhos, de onde nascem árvores, muitas Jacas, bichos. E o positivismo manifestado em toda ação ariana.
Soa a sirene, quando alguém grita: “só pega no empurrão!” E lá segue o caminho até os braços e abraços no Cristo Redentor, rendido por nossa emoção.
Hotel das Paineiras onde se hospedava a seleção brasileira de 50, em plena floresta da Tijuca reflorestada, há tempos desmatada para plantio de café e resgatada por mãos de seis escravos. E lá vindo: “eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo sim senhor, quero mostrar ao mundo que tenho valor. Eu sou o rei dos terreiros. Eu sou o samba, sou natural daqui do Rio de Janeiro, sou eu quem levo a alegria, pros corações brasileiros.” Quando me pedem pra vir sambar. Intimido-me com convite, depois perco a vergonha, ergo a cabeça e sambo minha emoção sincronizada com o momento. Brasileiríssima rebolo, não como quadril, mas com alma expressada num corpo magro e um sorriso largo, mostrando até o último dente.
Vasto orgulho de ser brasileira e a música devastando a emoção da viagem, dando maravilhas aos olhos afoitos, em plena curva do: Oh!!! Que coisa mais linda, mais cheia de graça, lá embaixo, Ipanema, exibi-se sem pedir passagem e passa com o encantamento do artista.Mas minha alma também canta, quando vejo o Rio de Janeiro.São Sebastião abençoe essa verdade.
Cristo Redentor, braços abertos sobre a Guanabara... E muitos Tom (s) para um só momento.

: : eliz : :

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Foto: eliz pessoa
Enquanto os meninos passeiam suas pernas sobre as areias de copa, outros olhos expiam ao Forte, beirando a ponta do mar, onde as ondas salientam outras possibilidades.
Alguns deles correm sobre a areia, coloridos de blusa amarela, contra os adversários de azul. Jogam suas pernas com as formas arredondas da bola, também amarela.

Movimento que não cessa, vida que segue e pulsa... Pulsa e ginga com arte de um povo apaixonado pelo futebol.
Algumas bandeiras demarcam as áreas do campo.
Entusiasmado os garotos brasileiríssimos vão aprendendo a “catimba”, maliciando gestos novinhos em folha.
Um deles destaca-se como goleiro, não porque pegue as bolas destinadas à rede, mas, por ficar ali, assistindo com olhos atentos os desenvolver das palavras fabricadas pela bola, de um lado a outro da areia.

Possivelmente colocado ali, por eleição em massa, em primeiro turno, sem direitos a reclamações. É sempre assim, geralmente estão ali não por opção, mas pela falta dela.
Falta de méritos em campo, falta de mandinga nos pés. E quando os pés não funcionam como deveriam, das mãos podem brotar verdadeiros milagres...

Em time de cuecas no tamanho P, calcinhas não entram, nem pra dar o ar da graça ao jogo.
De graça a bola reina, plena, única e inigualável em sua sabedoria. Enquanto a tarde cai, findasse dando espaço aos ritos da noite.

Provavelmente...

: : eliz : :

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

O Mar

O mar está bravo,

bastante confuso...

E necessário respeito e consentimento

para usufruir suas ondas raivosas,

como se cuspisse alguma coisa maior.

Inteiro em suas marés,

visceral em suas verdades.


Mas hoje,

nem a paciência do surfista acalenta-o.

Nem o tudo, nem o nada.

O mar em sua entrega

ensinou-me o presente.


Bem agora,

quando as dúvidas não suspeitam mais de mim.


Bem aqui, diante dos olhos.


: : eliz : :

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

foto: eliz pessoa
Eu te deixo ir, porque você não veio pra ficar.
Eu te deixo ir com a minha vontade de passar.
Eu te deixo ir, porque você nunca veio de fato.
Eu te deixo ir, porque eu também preciso me deixar.
Eu te deixo ir, pois não há mais nada quanto a isso.
Eu te deixo ir, porque o que havia foi feito.
Eu te deixo, porque é o caminho.
Eu te deixo ir, porque preciso não precisar.
Eu te deixo ir, porque você foi, sem meras palavras.
Esvaiu-se com a última onda desfeita à beira mar.

Eu te deixo ir,
o não deixo mais nada.

: : eliz : :