Sábado, 21 de abril, Aniversário de Brasília – Inconfidência Mineira.
Aniversário do Pedro, que poderia ser João, Paulo, Matheus que poderia ser bíblico ou não, que acabaria em festa do mesmo jeito.
Banda tocando na grama, Totem no mundo do ouvido, crianças que se multiplicam sobre o verde, sobre os olhos. Muitas delas, quando alguém diz: “daqui pra frente vai ser assim”.
Gente conhecida perdida nos espaços de tempo, enquanto a moça, a-lá Woodstock diverte-se sem censuras sobre o caminho.
Noite caindo, céu estrelado, estrelas cadentes. Caberia um desejo caso elas não caíssem tão rápido.
Perco o instante...
“Marola” nos breus do jardim, próximo ao campo de futebol, estratégia das árvores, chute na trave de um gol sem goleiro. “Baseado” comunista na propriedade particular, que até caberia coletiva não fossem os argentinos. E num passo à frente não estamos mais no mesmo lugar, quando a Betina desanda a falar pelos cotovelos, caminha pela casa, alegra-se com as cores do quarto de outra criança, apontando-as pelo minúsculo indicador, remexendo com desenvoltura seus ombros latinos ao som da música tocante, sorrindo sem dentes, distribuindo simpatia por entre as palavras de uma língua em desenvolvimento, enquanto o pai, coruja sua cria.
Perco-me pensando seu era assim...
Paisagem refletida pelo vidro do carro, cidade de luzes acessas, latinhas de cervejas resgatadas na geladeira vazia, ambiente “entornado” na casa alegre e colorida, mesa retangular, bebidas, artesanato de feira, mãe preta, padroeira da América Latina, conversa afinada, cigarros acessos, fumaça, torpor, voz marcantes de um Guido dando o timbre às palavras, lembranças diversas, futebol e uma culpa vascaína... Silêncio pro tumulto não formar.
Um esforço para manter-me acordada e a idéia de um macarrão animando o ouvido.
Rendida, entrego os pontos e os poros.
Noite à dentro: ”madrugada chegou, o sereno caiu”, de cansaço, caí nos meus braços, sorri e dormi.
Apagada, as idéias levam-me a outras marés. Ouço ao longe, vozes animadas, portas que se abrem, cheiro de comida pronta, estômago vazio, rabiscos desgastando palavras. Mas o sono pesa mais que mil delas sobre as pálpebras que descansam coladas. E o silêncio de uma língua calada, no barulho da noite cansada.
Só recordo quando um beijo encosta a bochecha que tem uma pinta-pintada na cara, anunciando a passagem voadeira da madrugada. Deixando sobre mim, memórias e gentilezas...
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