Ela está sempre ali. Inevitável não percebê-la. Mal espera que a noite caia e do nada se apronta no ponto, sobre as luzes da parada.
Em evidência diante da W3, ela se pinta e borda. Desliza óleo no corpo, perfuma a pele e veste-se pra se despir mais tarde, caso a noite vingue. “Todo dia ela faz tudo sempre igual.”
Sacudida, os atalhos são os mesmos. Antes deles, ela, ainda cedo, óculos de grau que não denunciam o propósito da noite, dão ares de seriedade que em nada casam com a idéia da puta, não fosse pelo corpo miúdo, pele clara, cabelos lisos, escuros, porte baixo, pernas desnudas no micro vestido que dá passagem aos pensamentos de quem passa na pista.
Eu passo e de costume: boa noite! De retorno: boa, nega!
Pergunto se não sente frio, responde que não. Tchau! E estamos conversados.
Outro dia, outra hora, as lentes escondem-se, dando passagens aos olhos e o desempenho da moça, inibe os garotos. Ela, puta, de salto alto, põe os pés na porta do carro onde o play boy olha ‘embasbacado’ ao meio das pernas da prostituta.
Assisto num relance ao lance da rua. De perto ninguém é normal, nem ela, nem a platéia, nem nada.
De longe a passagem é a mesma e a puta sem substantivo pede um atalho, caminho do fácil. Difícil caminho.
De W em W a alguém enche o papo.
E a noite vinga sem que ninguém perceba.
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