Muitas questões, outros olhares e a cidade “sitiada” pede passagem.
Na rua, um velho senhor sucumbe ao sol, caminha em passos curtos. Pés calçados de havaianas, o corpo vestido de terno preto e camisa puída, atravessa o estacionamento, tão lento, denso, que perco o ritmo insano da minha juventude corriqueira.
Num instante a calma atropela a pressa. Reparo lentamente o desperdiçar dos passos de pernas cansadas.
A gravidade desenha novos contornos na face do artista. Ele atravessa o caminho quando o sol inflamado do meio-dia “caloria” o preto de um velho segundo.
Um instante entre nós e o outro. Prossigo naquela imagem de velhos que extenuam, desandam, fragilizam-se e caem num salto, no útero do tempo. Permeiam mentes que ficaram aqui. Viram fantasias e sonhos. Prosseguem vivos em nós como as velas acessas em preces.
E o senhor de mãos cansadas segue até o carro, estende a chave e não abre, desiste, recua em passos tranqüilos como o tempo que se perdeu ali.
Persisto na imagem que não quer sair.
eliz
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