Chegamos numa época
onde já vale não contar a idade. Escondê-la de fato.
É, por que chega a ser
foda quando viram pra você, surpreendidos com sua idade e dizem:
“nossa como você está conservada!” O que poderia ser uma
espécie de elogio, desce mal, um tanto amargo pela garganta. Mas
bobagens deixadas de lado e até acho que faz parte.
Tempo para quem tem
tempo, é bem isso.
Somos fatalmente
engolidos por esse senhor impiedoso, que nos leva muita coisa e em
troca nos dá um certo desapego das coisas um tanto quanto rasas. Não
pra todos, até por que
tratar de todos e tratar de muita coisa.
Outro dia, a gente
tinha uma certa destreza sobre as coisas praticáveis, depois essas
mesmas coisas é que detêm certa destreza sobre as nossas ações.
Escrever é meio assim: a gente acha que domina, que toma conta do
negócio (eu até nem penso assim, pois sou bem displicente com a
escrita, com as palavras e com a vida) depois a gente vê que a
COISA é que detêm o poder. Poder sobre você, sobre ela e sobre o
nada.
Aí, a vida vai seguindo se curso, meio torno, meio indecente e
muitas vezes, acreditamos que estamos no caminho correto, fazendo a
coisa certa, agindo com coerência e com coesão... e é exatamente
aí que tropeçamos na estrada, e nem havia uma pedra em meio ao
caminho. Havia nós mesmos, tropeçados em acreditarmos em tanta
segurança imposta sobre nós mesmos. É quase sempre assim, por isso
que cabe sempre uma boa dose de humildade, compaixão, perdão,
essencialmente por nós mesmos.
Por que somos falhos, fracos e muitas vezes secos e áridos
como a seca daquela sertão tão distante daqui, e tão próximo a
tudo. É por isso que é preciso cautela e atenção, uma certa dose
de risco nisso tudo e muito amor no coração. Não é fácil, é
quem disse que seria? Mas é assim que a vida se empresta a cada um
de nós, com e sem atalhos sobre nossas incertezas. E as certezas, o
que fazer com elas? Desgastá-las enquanto há tempo hábil para tudo
isso.
Tempo... esse sim,
segue ditando a regra do consumasse por inteiro, como uma vela ainda
acessa.
Hoje é dois de junho
de 2013.
Hoje é dois de junho
de um ano qualquer.
elizpessoa
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