Foto (Imagem Google Imagens)
O Brasil parou. Parou
porque não aguentava mais ser tratado com descuido e intolerância. Parou porque
dói quando nos vemos acuados, roubados e acima de tudo desperdiçando nosso
trabalho árduo, nosso dinheiro suado, nossa saúde adoecida e nossa educação
desrespeitada. Parou por que nossa força também cansa e nossa esperança também
padece na rotina dos dias. Força que emana do povo para o POVO, e foi isso que
se deu nas ruas de São Paulo, espalhando atitudes inflamadas nos territórios do
Brasil. SP movimentou-se para exercer cidadania: reclamando, protestando e
reivindicando.
Não foi somente pelos
R$ 0,20 a mais nas passagens de ônibus, mas em princípio, fez-se deste o primeiro
motivo. O Estado, inábil quando o assunto é cidadania, com sua força opressora,
resolveu mandar seu recado, desconhecendo os reflexos de sua má atuação, má
educação e muito má percepção de seu povo. Recado este que só encontrou expressão
por meio da violência física e moral, utilizando-se de bombas de efeito
“amoral”, cassetetes, balas e outras impertinências. Estado este que se fez
veneno na carne do povo. Estado fantasiado de Democracia.
Mas os recursos tecnológicos
são outros. Não encontra aqui os esconderijos da Ditadura de 1964, pois não
mais utilizamos como armas, palavras e imagens advindas da imprensa. Somos nós sujeitos
e predicados da notícia. Munidos da câmeras/celulares/ internet, denunciamos ao
mundo, o mundo que nos cerca em nós. Saímos às ruas e escancaramos o abuso do
poder e da imagem. Gritamos aos quatro cantos, a insatisfação de uma cidade, de
um cidadão e da multiplicação de cidadanias.
SP parou e se fez
ouvir. Parou e incomodou muita gente.
As redes sociais
alastradas por curtidas, compartilhamentos, mensagens de todos os cantos,
serviram de termômetro às denúncias de anônimos. O que vimos foi o país em
chamas. Fingindo ser o que se sente. O que sentimos foi à dor de ver tanta
gente machucada. Um desejo de revanche, que logo se transformara em vontade consciente.
Dentro de cada um que sentiu, cabia uma centelha dessa dor, um amargo...
Respiramos ares de
censura. Ditadura institucionalizada, aplaudida por muita gente. Gente com
acesso a informação, a educação, mas sem a mínima vontade de apurar os fatos.
Aplausos a ação policial, obediente ao Estado. Gente que encheu e boca para
chamar os manifestantes de: baderneiros, vândalos, vagabundos e irresponsáveis.
Gente que não larga o conforto de sua casa, e só aprende a reclamar nas filas da
existência.
Ninguém sai às ruas
simplesmente por que gosta de enfrentar a polícia ou o bandido. Ninguém se
arrisca se não estiver completamente incomodado. Ninguém sai da zona de
conforto senão aguenta mais a inércia.
Então, é fácil falar,
quando você só faz isso. Difícil é rever os fatos, transpor preconceitos, se
informar melhor sobre o que acontece fora do território do seu umbigo
enfeitado. É triste ver gente comum ser tratado como marginal, escutar aplausos
em tudo isso!
No princípio era apenas um protesto por R$ 0,20, que
poderia ter morrido ali. Mas o copo estava cheio e derramado. Agora, tudo é
motivo para contestações, e o mundo assiste atônito a nossa revolução. Imagens
que só víamos de fora pra dentro, e não o contrário.
A minha última lembrança do povo tomando a rampa do
Congresso, se deu nas Diretas Já, e agora.
Que Brasil teremos após tais fatos?
Quantas mudanças ainda precisam ser feitas, pra que não
tenhamos o futebol como algo muito mais importante?
Um país que tenha na dignidade de seu povo, sua
maior riqueza.
Um Brasil que consigamos conquistar com braços
fortes?
elizpessoa
Um comentário:
Dia histórico, realmente.
Postar um comentário