terça-feira, 4 de dezembro de 2012

A respeito de um gato amarelo







Ele é meu amigo de longas datas. Já nos aturamos há 12 anos.
Ele é de Touro, eu sou de Gêmeos e ainda assim, não somos o inferno astral um do outro. Muito pelo contrário. Ele é galego, tem os olhos e os pelos amarelos. Bastante centrado, desde pequeno era assim.
serenidade que lhe cabe tão bem, me falta muito. Talvez por essa razão, goste ainda mais dele.

Ele tá ficando velhinho, tem exigido minha presença mais do que antes. Dorme comigo, e quando não estou em casa, dorme na porta de entrada, como quem diz: hoje você me deixou aqui, mas tudo bem, amanhã não haverá espaço para desculpas.

Ele não briga por um prato de ração, mas fareja longe o cheiro de presunto e queijo, os seus preferidos. 

Não é dado a visitas externas, também não gosta de rua e detesta tomar banho. Mas de tanto confiar em mim, acaba se deixando lavar com sabão de côco. Inteligente, sabe que sou maior em tamanho, e tem confiança em mim. Ele me dá trabalho, mas é o menor trabalho em relação às outras coisas.

É do bem, da paz. Tem a serenidade de quem já viveu o suficiente para entender que viver exige paciência, e mais que isso, tolerância às diferenças.

Às vezes acho que ele tem muito mais a me ensinar do que eu suponho, mas todos eles têm um rasco de sabedoria. É o primeiro a me desejar um bom dia e último a me lembrar de que já é tarde da noite.

Adora chamar a atenção subindo nos livros, revistas e sobre tudo o mais que meus olhos fixarem.
Ele não tem tempo, nem gosto por brigas e sabe que tem toda a moral para fazer-se respeitar.
Ninguém o desafia. Nem eu.

Ele me ensinou a gostar das coisas simples e passageiras. Porque o tempo dele, o meu e o seu já não são mais o mesmo. 

Com ele vou aprendendo a calar a voz, a contemplar o silêncio, a deixar a música invadir o corpo e a alma. Ensinou-me a gostar da cama, do sono e da preguiça e a me comportar um pouco como "gata". Logo eu que sempre tive um temperamento mais para cachorros.

Contou-me sobre a importância de espreguiçar até esticar o último músculo do corpo. Ensinou yôga, meditação e intuição. Já me contou sobre espíritos, mistérios e os vazios. Mostrou-me sobre a importância de se deixar acalentar sem que isso fosse sinal de fraqueza. Que era preciso baixar a guarda de vez em quando, e ainda assim não perder a agilidade e a percepção aguçada das coisas e pessoas.

Fez-me experimentar um pouco do que é responsabilidade, e que muitas vezes, não é necessário falar absolutamente nada para dizer muita coisa.

Aprendi que a palavra nem sempre gera entendimento.

Eu sei, eu sei que ele é apenas um gato de estimação, mas há tanto mais nele que apenas isso. Por isso ele é o meu Trigóvisky, o amarelo mais amarelo que todos os outros amarelos do mundo.
Ronronando ao meu lado, percebo que a vida passa tão rápida e a gente também.

Para o meu precioso Trigo.


elizpessoa

2 comentários:

Bianca Garcia disse...

ai, que coisa mais linda essa!
amei, cabelo!

:)

Fla Canti disse...

Ah, que fofo! Também tenho um gato amarelo. Amor da vida esse meu gato.