quarta-feira, 6 de abril de 2011
Insinuação
Foto tirada da Galeria de Patrícia Carmo (internet)
Depois que voltei de viagem, uma pena invadiu meu sistema, confundindo as sensações menos remotas daqui de dentro. Meu mundo rodopiou e as coisas que antes faziam sentido, perderam-se num piscar de olhos descuidados. A cidade de antes, as pessoas, relações, a segurança e outras palavras. Mutuamente meu mundo de dentro não ouvia mais os sons com os quais me identificasse e as pessoas em minha volta, perceberam o extraviou. Nessa correria, entendi que o tempo escorre sutilmente de nossas vidas e por essa razão é que não me cabe mais podar-me cotidianamente, como se eu não existisse em mim. Meu lugar de trabalho não é mais na coxia, do contrário, está no mundo, nas outras pessoas e arquiteta na artimanha das coisas. É pra fora que o Sol me alcança por inteiro, sem piedade de minhas retinas. Se houver o nascimento de um texto é para levá-lo além do sossego de meus cadernos. Meu sorriso deve exibir-se para além da imagem refletida no espelho lá de casa, livre para outras faces. Não há mais espaços para boicotes pessoais. O mundo é minha morada e nele meu palco se abre inteiro. Entrego-me as viagens desta vida e insinuo atrevidamente ao tempo que me espera, sem receios, sem obstáculos àquilo que me alimenta.
E assim a existência que me experimenta agora, se fará inteiramente feliz na absoluta certeza de que todo o processo “sevaleudeapena” sem pena de nós.
eliz pessoa
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