(Foto: Macha dos 100 mil, 26 de julho de 1968)
Estou lendo o livro “1968 O ano que não terminou” do Jornalista Zuenir Ventura. É
incrível perceber que alguns procedimentos, apesar dos 45 anos
transcorridos de lá pra cá, não mudaram muito. A maneira pela qual o Estado
trata manifestantes, as consequências das ações cometida dos policiais e o
revide do povo. A diferença, se é que podemos dizer assim, estão no sistema de
governo aplicado a esses dois tempos. Lá, a Ditadura reinava e a luta dos
estudantes e tantas outras classes brasileiras, vinha em prol de um Estado
Democrático de Direito - naquele período distante demais da realidade.
A luta daqueles jovens e velhos foi para
chegarmos aonde chegamos. Agora aqui, em pleno exercício de 2013, as vésperas
de recebermos nosso segundo mundial de futebol e já batendo às portas de novas
eleições, nos encontramos exercendo nossa cidadania. Saímos às ruas em prol de
muitas, multiplicadas manifestações por, não somente melhores condições de
saúde, educação, segurança, etc e tal, mas principalmente pedimos por uma nova moral
no trato com o dinheiro público, nova moral no comportamento geral. Pedimos,
acima de tudo, para sermos respeitados, tratados como os contribuintes da
máquina pública já sucatada por tanta superexplorações por parte daqueles que
deveriam cuidar de nossos porquinhos de maneira democrática e jamais
individualista.
Em 68, pelo que li, a juventude tinha um
ingrediente diferenciado do nosso. Naquele tempo os jovens eram completamente
antenados em leituras e a política envolvia praticamente tudo: o sexo, o amor,
as relações, as ações, as cabeças, muitas dessas. Agora, me parece que estamos
percebendo a delícia que exercer o poder. Não procuramos mais com tanto gosto
as leituras, mas caímos com tanta sede nas redes sociais, que nosso compartilhamento
leva muitas ideias para novos manifestos.
A polícia continua de certo modo agindo com a
mesma petulância e covardia que em 68, os governantes continuam inventando as
mesmas desculpas antidemocráticas para justificarem ações extremistas, e a
mídia que deveria informar imparcialmente os fatos, está tão vendida ao Diabo,
que fica difícil acreditar nela. Sinto pena em ver, por exemplo, nossos pais
conectados ao televisor, escutando notícias distorcidas, tomando-as com
verdades cruciais e levando a vida simplesmente. Se alguma mudança boa nos
acometer, ela chegará para todos, aos que brigaram nas ruas tomando porrada
de policiais, até os que ficaram em casa resmungando da “baderna” e do “vandalismo”
das televisão, eu diria.
Ainda estou no livro, lambendo ele com os
olhos, sentindo cada provocação, imaginando cada instante histórico daquele
momento, mas também estou aqui, discutindo, questionando, ponderando,
aliterando muitas questões pra ver se assim, pinto um sentindo pleno nessa
vidinha nossa de todo dia.
elizpessoa