Era
pra ser simples, sem muito olhar para alguma coisa por dentro e
descobrir ali, algum talento nato ao indivíduo. Mas quem disse que o
simples estaria próximo do fácil? Não estava.
Tentando
diferente foi preciso arriscar os ouvidos em primeira instância,
permitindo que falassem o que quisessem, sem censura e com certo
incomodo, algo natural. Mas ela já havia aprendido a permitir a fala
alheia, a opinião de fora, até por que aprendeu, que cada um tinha
o direito de achar o que quiser, como bem fosse. Cabeça foi feita
pra pensar livremente. Nem todos se permitiam assim. Não que isso
fosse um mérito dela, considerava apenas mais um exercício, dentro
tantos... Mas descobriu que um pouquinho de seu espaço, por mais
livre acesso permitido, aquele cantinho era somente dela, e encontrou
em si mesma uma barreira e pediu um púlpito onde pudesse subir e
dizer: Eu protesto! Não aceito que me atropelem que passem por cima
de mim, seja lá você quem for!
Por
um instante achou que confundiam sua simpatia com liberdade para
agirem com quisessem. Mas não era assim, ou ao menos não era assim
que ela desejava a partir dali.
Aos
poucos foi encontrando algumas fronteiras que ela até então,
desconhecia em sua existência. Ela também tinha suas chatices, por
mais bacana que fosse. Todos têm.
Frente a si mesma,
encontrou também um pouco de permissividade, do tipo: a não, não é
bem assim! Mas tudo bem. Não estava tudo bem e jamais ficaria se não
desse um basta em certas passagens.
Deixou
rolar um Elton John, e nem era dada a esse tipo de curtição. Assim
o fez para começar a tentar com outra trilha sonora, e foi depurando
aquela sonoridade, enquanto seus dedos freneticamente sapateavam
sobre o teclado do computador. Sabia que a música tinha esse poder
de levá-la longe, como se realmente pudesse viajar por aquele céu
todo estrelado daquele dia que havia sido ensolarado. Até acreditava
que isso era bem mais que possível, mas não era assunto para se
jogar em mesa com panos limpos, puros demais para essa aventura.
Apenas o fato de imaginar-se voando pela janela de seu quarto,
enchendo os pulmões de ar e indo liberta, alto, dando rodopios com o
corpo sobre o olhar atento das estrelas... só isso já lhe trazia
uma sensação tão absurda, que pensou por um instante nesse
existir. Como era bom pensar, e pensar solto, fazendo coisas que a
cabeça das crianças arrisca sem medos, só isso, era o máximo, o
ponto final.
Realmente
não era pra ser fácil, mas espontâneo como a canção que se dá
por hora.
elizpessoa
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