(Fonte Imagens: Google Imagens)
As nuvens fizeram reunião
no céu no final da tarde de hoje. Dialogavam sobre decisões a serem tomadas
quanto aos rumos que o vento as levaria. E nas calçadas da Asa Norte disfarçadas
de ciclovias, muitos pedestres entenderam que aquele espaço tinha maior afinidade
com o tênis para caminhada, assim como os cachorros esfolando a garganta nas
coleiras de seus donos - língua pra fora, patas descompassadas - o mesmo
entendimento.
O sol já se punha ao
oeste, deixando as cores do céu rosada como há muito tempo não se via. Ao
leste, a lua batia seu ponto na hora exata do espaço. Dessa vez sem a companhia
de Júpiter, que ontem a noite passou horas ao lado dela, como se observassem a
Terra e comentassem coisas a respeito de nós todos.
Quarta-feira, a última
de dois mil e doze, e pensando bem percebo que foi fácil sobreviver ao fim do
mundo. Difícil foi sobreviver ao Natal. Sempre é. Mas agora, mais fortalecida,
vou tomando fôlego para os últimos suspiros desses 365 dias de acontecimentos e
aliterações.
Rapidamente o som de
dissolve eu meus ouvidos e as músicas derretem-se em meus tímpanos, limpando-os de
tantas bobagens escutadas por aí.
Este final de ano, até o
especial do rei pareceu estranho aos meus olhos e ouvidos. Aquela tentativa de
misturar eletrônico só para deixar a coisa com cara de moderna ficou mais
estranha que a coisa em si. Quem diria Eliz que você viveria para ouvir uma
opinião dessa vinda de você mesma? Quem diria...
Tô ficando mesmo velha
e um tanto cansada de padrões envelhecidos pelo medo de tentar o novo. Até o meu
próprio padrão. Mas eu tento!
A partida de alguns centenários,
alguns quase imortais e alguns tantos outros. O fim e o começo novo de novo. O
calor neste final de ano. Calor que eu nunca vi em Brasília nesta época. Calor
em todo o Brasil. Calor dentro e fora de mim, constante, insistente e contínuo.
E essa coisa toda dando um tempo dentro da gente, tomando fôlego para os
próximos capítulos, ainda não redigidos. O tempo dando um tempo e o exercício
provocando LER nos dedos, insistindo em pausar um pouco a palavra, o silêncio e
o caminho.
E essa coisa besta por
inteiro.
Essa coisa simples derradeira.
Essa coisa chamada canção,
imaginando todo o caminho compartilhado sob os pés enquanto vivia.
elizpessoa