(Foto: Google Imagens)
Colocou o som no ouvido
e desligou-se do mundo ao seu redor. Olhar desatento sobre alguns substantivos
e um desejo por um único instante me ter óculos escuros na cara. Assim caberia
um mundo sem vergonha para se espiar, sem que percebessem por onde seus olhos
corriam.
Era hora do almoço de
uma quarta-feira qualquer e a última quarta daquele dia em toda a sua vida. O
evento brincava com os cachos de sua cabeleira colorida de castanho, enquanto
longos instantes a separavam da outra margem da avenida. No meio de tudo, o
semáforo vermelho. Cabiam tantos pensamentos naquela cabeça oca e espaços para
muitos silêncios Entre hiatos e trocadilhos, suas costas reclamavam de seu
péssimo comportamento postural e as nuvens acinzentadas quase sempre a
convidavam para dentro de si mesma. Não havia ali muito intimidade com o céu
nublado, embora gostasse da chuva que caiu ontem à noite.
Lembrou da sensação de estar sendo vigiada, do pouco de medo experimentado, de uma prece evocando um tal de anjo da guarda, e assim foi perdendo o receio de coisas ocultas... pensou que logo hoje, quem viveria não sendo vigiado? Quantas câmeras, mecanismos e outros artefatos serviam, único e exclusivamente, para manter alguma coisa englobada dentro do contexto. Porque seria diferente com ela? Aceitou os fatos.
Lembrou da sensação de estar sendo vigiada, do pouco de medo experimentado, de uma prece evocando um tal de anjo da guarda, e assim foi perdendo o receio de coisas ocultas... pensou que logo hoje, quem viveria não sendo vigiado? Quantas câmeras, mecanismos e outros artefatos serviam, único e exclusivamente, para manter alguma coisa englobada dentro do contexto. Porque seria diferente com ela? Aceitou os fatos.
O semáforo abriu, duas
pessoas a chamaram pelo nome e a questionaram se ela estava dentro da bola de
balão que se fazia quando criança, guardada no seu mundo. Ela respondeu
com um sorriso sem jeito dizendo: sim.
Sim, ela estava tirando
seu tempo de almoço para desligar-se um pouco das coisas. Utilizava da música
para conseguir isso, e quase sempre dava certo.
Atravessou a avenida, o
sol deu uma tímida esquentada, a música cessou em seus ouvidos e o tempo voltou
com tudo, marcando com pressa os ponteiros do relógio que buscavam chegar em algum
ponto desconhecido de sua essência, intrigada com o nada de
tudo isso. Era almoço numa quarta
feira.
elizpessoa
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