sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Verão

Foto: Paulo Tavares


Claramente o verão se expande na ardência da pele, na aderência do suor, descamando o velho, descobrindo o novo, exibindo corpos nas praias de um Brasil tinhoso, derramado em curvas das morenas, nos pêlos colorindo a essência.

Mas enquanto as ondas arrebentam no litoral amortecendo na areia, aqui, nos grandes centros, o asfalto emana vapor do sol que morre abafado nas ruas das cidades. Enquanto nos escritórios, as nucas das moças travestidas de trabalho, até ousam um pensamento nas retas das tesouras destemidas de desejos. E as sombras, projetadas pelo reflexo lá fora, mergulham os olhos do homem, na proteção de tela, trazendo miragens dos arrecifes de corais, colorindo o fim do dia.

E um sertão à beira do caminho, encapuza a primeira página de um livro, ainda não desbravado pela imaginação afoita de alguém.

É Verão e muitas versões constroem versos novos, erotizados na malícia dos meninos.

E até as tais chuvas da época, tiraram feiras por aqui. Só o Sol – astro de todos eles - é quem reina soberanamente, e por enquanto, as peles já cansadas na claridade dos dias, referem-se às mudanças climatizadas pela mídia, experimentadas nos poros de cada um de nós.

Há tanta luz lá fora.


eliz pessoa

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