Foto: Ana Franco
E as palavras rasgam sobre o tecido pálido, prontas a serem tingidas por mãos prendadas de mães solteiras, que de tão cuidadosas deslizam em superfícies mornas, nas cores que o verão desenhou. Estas mesmas que afagam cabelos, percorrendo esquinas escondidos no outro, enfeitiçando sentidos.
Mãos que alimentam almas, mergulhadas em águas de sonhos, tantos... E são Rios de engenho, transparências e uma infinidade de canções que dançam em cordas vocais - risco do absurdo no surdo ouvido.
E ainda quando a tarde se abre sobre todos desnudando céus de uma cidade intensa, depois de silenciosas tardes de domingo, no vazio de quadras, o brinde – barulhos de bares dão tons aos semitons da língua afoito do outro, sobre notícias vasculhadas na pressa do naufrágio da última s e m a n a.
Mas se um dia voltar para a casa, pergunte por mim, que tanto o procurei quando estavas tão dentro daqui. Depois de tantos foras de tudo, em tempo de poesia que desaprendi, pensando, rascunhando, derretendo-as em outras orações desmesuradas. Enquanto laços alargam, estreitam-se no exercício dos dias, tantos...
E embora o mar esteja tão longe, como se realmente estivéssemos isolados por terra de tanto mundo, ainda assim, os ventos resgatam sensações tantas. Outro Belo Horizonte, como se o cheiro das águas sobre os pés das montanhas, aqui estivessem. Bastando fechar os olhos, depois de escurecidos, a mente se expande como se tudo estivesse ao alcance de pálpebras adormecidas num segundo.
O tempo presente redigido em outros tecidos, como mãos afoitas de moças costurando detalhes.
Valei-me!
eliz pessoa
Nenhum comentário:
Postar um comentário