sábado, 20 de outubro de 2007

Latejando saudade...

Ele havia me pedido um livro para guardar de lembrança da poetisa,colega de trabalho.
Eu havia dado minha palavra em entregá-lo quando exemplares chegassem as minhas mãos magras.

Mas ele também era um poeta, cheio de fislosofias, frases feitas, provérbios, bom humor lapidado pela vida, vasto coração cearense. Como tantos brasileiros, trabalhador, pai de três filhos muito bem amados. Acima de tudo, alguém que a vida, por alguma circunstância, colocou no nosso caminho. Peça rara, original, autêntico em sua essência cheia de alma brasileira.

Eu não sabia que uma ruptura o tiraria do meu convívio assim tão absurdamente estúpida, como uma lança cortando nosso carne. Mas como ele a pólvora de nossa polícia mal preparada, foi o estupim que levou sua vida de nosso vivência.

Amargamente ele partiu ontem, no entorno torto dessa “ilha da fantasia” que se tornou Brasília.
E os lados planos das estatísticas gritam todos os dias calando Chicos, Joaquins, Josés, Marias, Antônias, rasgando a poesia que vive nessa gente, comum de todos os gêneros, cronicas de nossas ruas no dia a dia.

O Estado já falho, provou sua incapacidade nos seus senhores da lei. Deslealmente o arremataram a queima roupa, em plena sexta-feira, onde ele dizia que queria tomar uma cerveja pra celebrar a semana posta.

Estranhamente, eu havia na quinta-feira xerocado uma cópia de um texto da também cearense Raquel de Queiroz – Emigrantes, onde a escritora dissertava um pouco da colonização do Ceará de onde ele foi fruto, filho nato das raízes da terra.

Bom humor, piadas latejando na ponta da língua e um jeito de olhar a vida com uma certa sabedoria de quem já passou por muitas provações. Corajoso por luta, nunca abaixou a cabeça nem se acovardou quando ela o chamou para a lida.

“Pequenino (batoré), cara de índio, entusiasmado, cabeça chata.” Brasileiro.

Hoje, arde a perda, a dor de amigo querido, do qual tive o privilégio de dividir bons momentos, muito trabalho e o um carinho tão especial, acima de tudo sincero.

Ao meu amigo de trabalho, querido Nonato do Ceará, sangue de minhas veias também cearense, a minha mais sincera lembrança e a grande saudade latejando no peito quase adormecido pela dor.

Seu livro (prometido) virou poesia e minha eterna admiração...

Vá com Deus... E aqui, fica sua lembrança descontraída.


foto: Internet (anônima)


: : eliz : :

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