A moça arrisca um passo novo em meio aos gestos corriqueiros dos dias, e dança sobre idéias maduras.
Alguns livros empoeirados na estante silenciam histórias quando um “espana-dor” desgovernado faz cócegas maliciosas nos títulos – temas de livros. Enfileirados eroticamente, todos ali a interessam, suportam-se, aguardando as mãos magras da moça confusa.
Cada um deles têm algo a contar, personalidade e estilos próprios. Alguns ensaiam cegueiras, depois buscam lucidez, quando não ousam novos evangelhos de um mesmo Jesus. Ainda há um vulcão Glauber, sempre em erupção, pronto para derramar suas larvas escaldantes sobre as curvas femininas, dirigindo vontades desgovernadas, arriscando crônicas, parindo idéias e ejaculando emoções.
Enquanto ela fita-os, sua razão denuncia vontades, muitas... Uma delas é ler, um pouquinho de cada vez, a todos eles. A fixa idéia de uma história, a estimula, como se o mundo girasse e ela estivesse presa a um único autor-pensamento. Mas de outra forma, ela não chegaria a outras conclusões.
Era preciso prender-se, enamorar-se por um único deles e desbravar todas as possibilidades de sedução do livro.
Sem Dostoievski, ela ainda engatinha em asfaltos. Sem russos, sem transições, aspirando por novas linguagens, onde as linhas conduzissem, igualmente a novas erupções, alavancando aragens.
Em terrenos férteis os textos trariam novos âmbitos e referências.
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