sexta-feira, 9 de março de 2007

É bem verdade que sol pra mim, só casa bem com água, piscina e mar. Fora essas possibilidades, o astro rei me causa agonia, rouba minha paciência um tanto quanto "rasa" por aqui.

Foi então que num domingo desses, acometida por um surto passageiro de insanidade, resolvi convidar a Bibis pra sair por aí pedalando sobre o asfalto escaldante de Brasília ao meio dia.

Sobre as asas do avião planejado em tempos de terra vermelha, esperança, poeira e solidão. Eixão norte e sul, uma reta que não pede muita atenção e que daria até pra relaxar, não fosse pelo calor de um verão alumiado de claridade. É quando meu corpo e minhas idéias evaporam-se em menos de trinta graus, perdidos em alguma escala por aí.

De lá sobre a pista, ela. Sem filtro solar, sem boné, sem óculos escuros e calma.
De cá de resto, eu. Com filtro solar, com boné, com óculos escuro e inquieta.

Se coubesse trilha sonora nas duas imagens seriam: Smells Like Teen Spirit, na voz de Kurt Cobain e Don’t Worry, Be Happy, na voz de Bobby MacFerry. Ignorando a tradução da primeira é claro.

Ela sobre o pedal assobiava a melodia da segunda canção. Eu, desesperada, evoluía no ápice da primeira, e matutava: como um ser de sangue latino correndo nas veias, coração e alma resistiam "krishinamente" aquele calor todo?

Se ainda assim coubesse, dois personagens que caracterizassem perfeitamente nós duas naquela ocasião, seriam Charlie Braw, do Snopp e o Pateta, da Disney.

O Charlie, numa animação em que ele liderava a prova de atletismo, mas que antes da linha de chegada, a linha do sonho de vitória invadira seus pensamentos... Imaginando a glória do primeiro lugar. Então, de olhos fechados e nariz mirando o céu, dando espaço ao pretérito imperfeito das coisas, a linha de chegada?
Ficou nas imagens apenas realizadas no fantástico mundo da imaginação.

Aqui, todos os poros do meu corpo exalavam o Pateta num desenho em que ele acordava, com a paz de uma noite bem dormida, pegava seu modesto carro e saia às ruas da cidade, onde reinava o tráfego infernal do trânsito. A paz a esta altura do desenho, fora transformada numa guerra de sensações. Agonia, impaciência, uma espécie de vulcão em erupção, como algo que a gente desconhece em nós, mas que fica ali quietinho, esperando o momento certo de despir-se.
Parte de tudo que nos parte em nós.

Ao fim, sobrou um contexto inserido aqui e mais duas músicas escaldantes de uma amizade programada para nos desprogramar.

eliz

Um comentário:

Marla de Queiroz disse...

Eliz,
Adorei teus textos...ele são dinâmicos, você vai nos levando na sua garupa pelas retas de brasília que conheço tanto,suando debaixo do sol escaldante,com essa trilha sonora perfeita pra ocasião...
Deixa eu ir ali tomar um banho de mar.

P.S. Marceleza é meu melhor amigo/irmão, poeta/profeta, alguém que já nasceu em outra dimensão.
Adorei tua visita.