domingo, 25 de março de 2007

Banco da praça, ponto qualquer da América Latina ao som de Julia para Lennon e McCartney.
À direita espaço pra lixo plástico e do outro lado orgânico, respectivamente nas vasilhas azul e vermelha.

O som nos ouvidos parece orquestrar dentro do cérebro cada detalhe dos instrumentos que compõem o arranjo da música. Violinos que estimulam partes diferentes na cuca, quando uma formiga amarelada cai nos pêlos do braço e corre desvairada sobre eles.

Agora Cássia já canta, conta outra história banhada a som de bateria, provocando outras questões... Aqui, falta do mar, de algumas montanhas e muitas outras idéias.

O garoto de óculos, cara de intelectual, talvez por culpa do mesmo, me aparece de mochila vermelha e cadarços desamarrados em frente ao banco olha pro outro lado parecendo aguardar alguém, que chega com a mesma velocidade com que a rouca “voz-eller” introduz Hendrix em Little Wing.

Gente que foi embora tão cedo...Risininho, Renato, roubados tão precocemente daqui.

Nó e garganta.
Almoço e palavras...
Sentimentos que se perdem tão rápido dentro da gente.

Memórias de riso, sonhos ejaculados sobre a terra, idéias compartilhadas em mesa de bar, dos balões inacabados da universidade por culpa do teor alcoólico do motorista.

Lembranças vivas em nós.

Em memória de Risinho: pequeno-grande, inteligente, tranqüilo, bêbado, Florestal.
E ao Renato, pelos sonhos plantados na terra seca do Cerrado.

Saudades...

Água que não apaga o fogo
Se o fogo negou só para esquentá-la
Beleza dela nunca a noite roubou
E o som da pergunta responde nada

A asa do anjo da guarda afiou
A faca da mãe que cuidou
Da batalhas
Sem palavras a toalha
Da mesa esticou
Mais perto da pele fica
A sua casa

Do sol, sem sombra de dúvida.
Ou nessa chuva que desceu
Com as lágrimas
Novidade, primeira ou última.
Cor que o sol, ao se pôr, pôs.
Na porta da casa
Se foi decalque, esmalte ou
Sem cartório e rubrica
Essa é a minha flor... a sua
Repetelada

De Nando Pra Cássia (tb. em memória)

eliz pessoa

Um comentário:

Marla de Queiroz disse...

Faz assim não, bonita, eu sou derretida e ando mais ainda.
Inda bem escrito, dá pontada funda , lá dentro.