sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eu sei que me permiti endurecer diante aos obstáculos que se sobrepuseram em meu caminho enquanto vivia, e que não deixei de realizar essa escolha por falta de uma experiência mais clara, menos dilacerada sobre as circunstâncias. Mas eu sei também quantas verdades cabem na vida de alguém. Escrevo agora para te mostrar um pouco do que não tenho feito, do que não tenho dito a respeito das ideias tortas sobre as coisas da vida. E viver é assim mesmo, oscilando entre dois mundos o tempo todo. E no nosso tão pequeno gesto, a interferência multiplica-se não somente em ondas invisíveis, mas na minha dificuldade de sintetizar palavras e em resumir o meu coração latino. Mas não vou mais me estender perdendo tempo em tentativas de lhe dizer algo, quando não digo. De outro lado, você cercada de sua existência repleta de inseguranças e apegos aos laços que dão nó na sensibilidade de uma forma pisciana de enxergar o mundo e nele se difundir como se fossem uma coisa só num instante fecundo. Sei que nada é fácil nesse paralelo, mas para além, me pego repesando as nuvens que escondiam sua lua. Essa feminilidade que me falta muito, cara amiga, em especial quando tento ser resistente as brincadeiras que a vida me tece. É exatamente esse gosto doce pelas coisas, que me fazem tentar repetir esse carinho, mas não estou aqui negando a rudeza que também te alimenta instantaneamente, porque somos feitos sempre de duas bandas, uma boa e a outra ruim, uma clara e a outra obscura, uma feliz e a outra amarga, um de dentro e a outra pra fora. Mas me convoco agora sem desesperos profundos e sem alegrias afloradas. Convoco-te também perene e presente a praticar imperfeições e decadências, com toda essa vontade que às vezes cansa, às vezes dança, às vezes fraqueja, que às vezes nada. Venha e me empreste um pouco da leveza que perdi que eu te empresto a liberdade e o desapego que aprendi! Empresto-te um pouco dessa América tão minha, enquanto você me conta um pouco daquela Rússia tão sua. Ficaremos assim, caladas entre nosso silêncio, completas em rascunhos. E aos outros? O tempo, um pouco velho, um tanto cansado, meio canalha, meio carente, infringindo a lei da gravidade e desacatando a nós mesmos. Escreva comigo um protesto novo e não mais um texto amoroso, porque de amor você se basta, e eu ando tão desconfiada... elizpessoa

Um comentário:

Bianca Garcia disse...

eu sabia que vc estava apaixonada por ela... sabia.

:)