quinta-feira, 24 de maio de 2012

(Foto: Eliz Pessoa) Fez um frio danado esses dias, e a sensação térmica me remete a outras cidades, como se estivesse passeando pelas ruas de outro país latino americano. Frio numa Brasília não reconhecida em frente ao espelho de sua casa, sem agasalho suficiente para enfrentar o vento jogado na cara enquanto pedalava de bicicleta. Foi preciso pedir ajudar ao substantivo coragem. Atentos, os olhos se encantaram com as nuvens que cobriam a ponta da Torre de Televisão, escondendo-a. E trabalhadores agasalharam-se do pescoço aos pés: ônibus lotados, trânsito intenso sobre avenidas largas, mendigos levemente aquecidos pelas barbas e cabeleiras esbranquiçadas na astúcia do tempo. Esse frio tem seus encantos sobre o apetite que se abre vorazmente, atiça a quietude, despertar outros olhares e encolhe a gente. Frio de mulheres elegantes contrastando com as moças denominadas piriguetes, que faça sol ou chuva exibem seus colos e pernas e pele desavergonhadas. Fez um frio tão grande e tão pequeno em outras latinidades. Para a amiga que se esconde nos Andes, isso aqui não é nada, meramente frescura de brasiliense. Para nós é frio mesmo, frio para caralho, frio pra cachorro! Frio que anuncia junho e as festas de São João, Santo Antônio e São Pedro, que nos lembra de que já estamos na metade do ano, frio de geminianos e cancerianos, frio de fora pra dentro, de coleções outono inverno, de folhas mortas, árvores desbotadas, de stilo e de styles. Fez um frio danado na gente! elizpessoa

Um comentário:

Bianca Garcia disse...

bom é poder se entregar ao frio de vez em quando, perceber a pele gelada, os dedos dormentes, sentir-se vivo!
mas, só de vez em quando.

beijo.