Aprendi a ouvir música indo aos concertos da Orquestra Sinfônica de Brasília, lá na Sala Villa Lobos, que leva o nome do nosso maior compositor brasileiro (Heitor Villa Lobos). Naquele tempo era muito comum ver os adolescentes do rock ou do metal, carregar seus instrumentos musicais, depois das aulas da Escola de Música de Brasília, e assistirem a orquestra de apresentar. Tinha gente de tudo quando é idade, condição social e perfil. Não me impressionava muito com isso, porque sempre acreditei que a música não tem fronteiras, ela não está necessariamente, no modo como nos vestimos, nem em padrões sociais, ou qualquer outra coisa pré-determinada.
Para quem tem os ouvidos bem abertos, a música pode estar em tudo. Suas ondas vão bem mais além que muitos estereótipos. Era fácil compreender em tratando de música.
Foi ali que me dei conta de cada instrumento, da participação de todos eles na construção da sonoridade. Como numa mágica, todos dançavam conforme suas próprias canções. No meio da platéia, meu olhar atento não deixava escapar um segundo de cada instrumento, todos com o seu valor. Mas o que de fato mexia com minhas sensações era o baixo clássico, depois os instrumentos percussivos, que geralmente ficam lá atrás e principalmente o Maestro.
O Maestro é o rei da orquestra, com sua vibração, sua intuição e sua atenção a construção de uma regência. É como um bailarino, pois é através do corpo dele que a música se encontra.
Por aqui, tenho lembranças muito felizes do Silvio Barbato. Silvio era a alma da música quanto ali estava em seu papel de maestria, com sua energia, seus gestos firmes e exatos, a orquestra deixava-se fluir, seguindo os caminhos de seus braços.
Obviamente que este é o papel do Maestro, dar vida a música que já existe solta no ar.
Talvez esse gosto meu pela atuação do Maestro venha lá da infância, nos tempos dos desenhos da Disney, quando o Michey regia sua orquestra de bichos.
E na memória da infância essa emoção ainda é viva dentro da gente.
Quando se é criança é fácil o encantamento pelas coisas. Comigo não foi diferente.
Hoje, escutando música clássica, percebo o quanto ela me influenciou e ainda me influencia profundamente. Heitor Villa Lobos e o seu Trenzinho do Caipira (nada mais brasileiro que isso), Vivaldi e suas Quatro Estações, Strauss e o seu Danúbio Azul, Ravel e o seu Bolero e tantos outros...
Se couber uma idéia seria: aprenda a ouvir música, assistindo as orquestras espalhadas por aí. Além de ser muito bom para a alma é um grande aprendizado pra vida.
Eliz Pessoa
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