Eu poderia escrever sobre alguns detalhes que não me cabem agora, mas de fato resolvi falar da Legião Urbana e sua legião de fãs, que assim como eu cresce a cada dia. Vou falar, porque hoje o dia amanheceu com saudades de um tempo que não mais existe fora de nós. Outra Brasília cheia de contradições e diferenças, mais angustiada em si mesma e menos conformada que hoje. E às vezes essa angústia é tão mais necessária que o absurdo do instante.
Renato Russo faz falta sim no nosso tempo! Porque soube contar a minha cidade, soube desmascarar o Brasil, despiu-se de suas próprias máscaras e de nossa falta de vergonha com o país das diferenças sociais, raciais, culturais e econômicas. Faz falta porque era a angústia em pessoa, a inteligência exacerbada, o poeta, o artista, o homossexual indignado com as mentiras do poder e não indiferente as outras verdades de lá. Soube contar pra minha geração, o que ela estava gerando pra si mesma.
Ícone de um tempo, refletindo tão bem as malícias e ingenuidades de uma Brasília já distante, mas não menos verdadeira. Como ele mesmo diria “esse é o nosso mundo e o que é demais nunca é o bastante, quando os assassinos estão livres e nós não estamos”.
O que mudou dentro da gente daquela época pra cá? O que aconteceu com as nossas vidas? Com as nossas interrogações? Com nossas metades não distribuídas? Como a falta de bom-senso coletivo? E com àqueles jovens distraídos, impacientes e indecisos?
Dentro de mim, ficou a música, a expressão mais significativa e muitas palavras que não se gastam tão cedo, que não ficam mudas de uma hora pra outra, que gritam ainda muito alto nos cantos da cidade.
A Legião Urbana, ao Renato, a saudade.
Eliz Pessoa
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