domingo, 8 de maio de 2011
sexta-feira, 6 de maio de 2011
A orquestra
Aprendi a ouvir música indo aos concertos da Orquestra Sinfônica de Brasília, lá na Sala Villa Lobos, que leva o nome do nosso maior compositor brasileiro (Heitor Villa Lobos). Naquele tempo era muito comum ver os adolescentes do rock ou do metal, carregar seus instrumentos musicais, depois das aulas da Escola de Música de Brasília, e assistirem a orquestra de apresentar. Tinha gente de tudo quando é idade, condição social e perfil. Não me impressionava muito com isso, porque sempre acreditei que a música não tem fronteiras, ela não está necessariamente, no modo como nos vestimos, nem em padrões sociais, ou qualquer outra coisa pré-determinada.
Para quem tem os ouvidos bem abertos, a música pode estar em tudo. Suas ondas vão bem mais além que muitos estereótipos. Era fácil compreender em tratando de música.
Foi ali que me dei conta de cada instrumento, da participação de todos eles na construção da sonoridade. Como numa mágica, todos dançavam conforme suas próprias canções. No meio da platéia, meu olhar atento não deixava escapar um segundo de cada instrumento, todos com o seu valor. Mas o que de fato mexia com minhas sensações era o baixo clássico, depois os instrumentos percussivos, que geralmente ficam lá atrás e principalmente o Maestro.
O Maestro é o rei da orquestra, com sua vibração, sua intuição e sua atenção a construção de uma regência. É como um bailarino, pois é através do corpo dele que a música se encontra.
Por aqui, tenho lembranças muito felizes do Silvio Barbato. Silvio era a alma da música quanto ali estava em seu papel de maestria, com sua energia, seus gestos firmes e exatos, a orquestra deixava-se fluir, seguindo os caminhos de seus braços.
Obviamente que este é o papel do Maestro, dar vida a música que já existe solta no ar.
Talvez esse gosto meu pela atuação do Maestro venha lá da infância, nos tempos dos desenhos da Disney, quando o Michey regia sua orquestra de bichos.
E na memória da infância essa emoção ainda é viva dentro da gente.
Quando se é criança é fácil o encantamento pelas coisas. Comigo não foi diferente.
Hoje, escutando música clássica, percebo o quanto ela me influenciou e ainda me influencia profundamente. Heitor Villa Lobos e o seu Trenzinho do Caipira (nada mais brasileiro que isso), Vivaldi e suas Quatro Estações, Strauss e o seu Danúbio Azul, Ravel e o seu Bolero e tantos outros...
Se couber uma idéia seria: aprenda a ouvir música, assistindo as orquestras espalhadas por aí. Além de ser muito bom para a alma é um grande aprendizado pra vida.
Eliz Pessoa
Para quem tem os ouvidos bem abertos, a música pode estar em tudo. Suas ondas vão bem mais além que muitos estereótipos. Era fácil compreender em tratando de música.
Foi ali que me dei conta de cada instrumento, da participação de todos eles na construção da sonoridade. Como numa mágica, todos dançavam conforme suas próprias canções. No meio da platéia, meu olhar atento não deixava escapar um segundo de cada instrumento, todos com o seu valor. Mas o que de fato mexia com minhas sensações era o baixo clássico, depois os instrumentos percussivos, que geralmente ficam lá atrás e principalmente o Maestro.
O Maestro é o rei da orquestra, com sua vibração, sua intuição e sua atenção a construção de uma regência. É como um bailarino, pois é através do corpo dele que a música se encontra.
Por aqui, tenho lembranças muito felizes do Silvio Barbato. Silvio era a alma da música quanto ali estava em seu papel de maestria, com sua energia, seus gestos firmes e exatos, a orquestra deixava-se fluir, seguindo os caminhos de seus braços.
Obviamente que este é o papel do Maestro, dar vida a música que já existe solta no ar.
Talvez esse gosto meu pela atuação do Maestro venha lá da infância, nos tempos dos desenhos da Disney, quando o Michey regia sua orquestra de bichos.
E na memória da infância essa emoção ainda é viva dentro da gente.
Quando se é criança é fácil o encantamento pelas coisas. Comigo não foi diferente.
Hoje, escutando música clássica, percebo o quanto ela me influenciou e ainda me influencia profundamente. Heitor Villa Lobos e o seu Trenzinho do Caipira (nada mais brasileiro que isso), Vivaldi e suas Quatro Estações, Strauss e o seu Danúbio Azul, Ravel e o seu Bolero e tantos outros...
Se couber uma idéia seria: aprenda a ouvir música, assistindo as orquestras espalhadas por aí. Além de ser muito bom para a alma é um grande aprendizado pra vida.
Eliz Pessoa
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Legião Urbana
Eu poderia escrever sobre alguns detalhes que não me cabem agora, mas de fato resolvi falar da Legião Urbana e sua legião de fãs, que assim como eu cresce a cada dia. Vou falar, porque hoje o dia amanheceu com saudades de um tempo que não mais existe fora de nós. Outra Brasília cheia de contradições e diferenças, mais angustiada em si mesma e menos conformada que hoje. E às vezes essa angústia é tão mais necessária que o absurdo do instante.
Renato Russo faz falta sim no nosso tempo! Porque soube contar a minha cidade, soube desmascarar o Brasil, despiu-se de suas próprias máscaras e de nossa falta de vergonha com o país das diferenças sociais, raciais, culturais e econômicas. Faz falta porque era a angústia em pessoa, a inteligência exacerbada, o poeta, o artista, o homossexual indignado com as mentiras do poder e não indiferente as outras verdades de lá. Soube contar pra minha geração, o que ela estava gerando pra si mesma.
Ícone de um tempo, refletindo tão bem as malícias e ingenuidades de uma Brasília já distante, mas não menos verdadeira. Como ele mesmo diria “esse é o nosso mundo e o que é demais nunca é o bastante, quando os assassinos estão livres e nós não estamos”.
O que mudou dentro da gente daquela época pra cá? O que aconteceu com as nossas vidas? Com as nossas interrogações? Com nossas metades não distribuídas? Como a falta de bom-senso coletivo? E com àqueles jovens distraídos, impacientes e indecisos?
Dentro de mim, ficou a música, a expressão mais significativa e muitas palavras que não se gastam tão cedo, que não ficam mudas de uma hora pra outra, que gritam ainda muito alto nos cantos da cidade.
A Legião Urbana, ao Renato, a saudade.
Eliz Pessoa
Renato Russo faz falta sim no nosso tempo! Porque soube contar a minha cidade, soube desmascarar o Brasil, despiu-se de suas próprias máscaras e de nossa falta de vergonha com o país das diferenças sociais, raciais, culturais e econômicas. Faz falta porque era a angústia em pessoa, a inteligência exacerbada, o poeta, o artista, o homossexual indignado com as mentiras do poder e não indiferente as outras verdades de lá. Soube contar pra minha geração, o que ela estava gerando pra si mesma.
Ícone de um tempo, refletindo tão bem as malícias e ingenuidades de uma Brasília já distante, mas não menos verdadeira. Como ele mesmo diria “esse é o nosso mundo e o que é demais nunca é o bastante, quando os assassinos estão livres e nós não estamos”.
O que mudou dentro da gente daquela época pra cá? O que aconteceu com as nossas vidas? Com as nossas interrogações? Com nossas metades não distribuídas? Como a falta de bom-senso coletivo? E com àqueles jovens distraídos, impacientes e indecisos?
Dentro de mim, ficou a música, a expressão mais significativa e muitas palavras que não se gastam tão cedo, que não ficam mudas de uma hora pra outra, que gritam ainda muito alto nos cantos da cidade.
A Legião Urbana, ao Renato, a saudade.
Eliz Pessoa
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Pretérito Impefeito
Foto Eliz P.
Há momentos na vida em que nenhuma palavra cabe tão bem dentro da gente, apenas o silêncio. É dentro dele que a gente se encontra, se cala e se conta.
Nessas horas nossa melhor companhia somos nós mesmos, atrelados em nossa quietude. Aguardamos a hora das coisas, o tempo do tempo, com sua vontade própria e suas necessidades desconhecidas.
Eis o tempo do pretérito imperfeito.
Eliz Pessoa
terça-feira, 3 de maio de 2011
Foto Eliz Pessoa
Ta bem escuro aqui agora, e depois de uma breve meditação, os ânimos pedem sossego e um pouco de distância das coisas da gente.
Esse escurinho aconchegante guardando o silêncio e a escolha de uma música, para quebrar este mesmo silêncio.
Essa eterna dúvida armazenada nas coisas, e um pouco de uma vontade gasta em si mesma. Caminhando por aí, fica fácil perceber as coisas dos outros. O mundo que nos circunda, as folhas caídas do outono, o friozinho amanhecido nesta manhã, as nuvens carrancudas no céu da cidade, o velho caminhar do tempo, lento e conformado, a agitada fala da adolescência, o basquete dos meninos que crescem rapidamente sobre os olhos de seus pais, as escolas, o trabalho, a casa, os outros, e o nada no meio de tudo isso.
Hoje foi um dia desses, onde as coisas não se contam por inteiras... ficam ali, aguardando os ajustes da vida e os desajustes da alma.
Eliz Pessoa
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Paranoá
Foto de Sérgio Costa
As ondas lambem a margem de terra vermelha, deixando conchas de água doce sobre o caminho. Não posso ver, mas ouço o barulho provocado pelas vozes de crianças brincando no lago. Águas de Oxum refletem o céu mais misterioso que conheço, e, embora íntima de suas incertezas, ainda me dá um vazio tremendo em vê-lo tão inteiro sobre o a minha cabeça.
Bem à diante, uma lancha luxuosa dá movimento às águas escuras. Mulheres exibem-se de biquíni e os homens se engrandecem com suas lanchas e suas fêmeas ambiciosas. Inesperadamente um pequeno ultraleve sobrevoa meus pensamentos distantes.
Recordo-me que há um tempo, este mesmo mato tinha cuidados especiais, diferente de hoje quando alonga seus fios sobre o Paranoá, escondendo a gente da gente mesmo. Diálogos entre cortados à distância, barulho do motor, olhar corriqueiro e outras metades.
Escrevo pra distrair o tempo, pra esquecer. Depois, reescrevo pra dá sentido à vida que não memorizo num único instante. Essa vida cheia de falhas, de atitudes silenciosas, dos absurdos de quem detém o poder e de quem experimenta a pobreza. Pobreza das ruas, dos lixos, d’alma em aglomerados urbanos. Pobreza alimentada nos restos desperdiçados em nós. Mas a vida é assim mesmo, misteriosa, passageira, insensata, milagrosa, cheia de artimanhas e musicalidade. Essa vida que dá e passa como as pequenas ondas do Paranoá.
E às vezes, essa solidão que nos faz inteiros, em outras é o acompanhado que se senti só, ou, é só a gente na gente mesmo, convivendo com as nossas próprias diferenças. E há tanta coisa nesse absurdo vazio.
Eliz Pessoa
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