sábado, 30 de agosto de 2008

Atrás da porta, eles espreitam as possibilidades emanadas pelos sons vindos da copa. Sentados, suas orelhas denunciam atenção, como se tentassem decifrar os mistérios do outro lado de lá.

Alguém os assiste, percebendo os barulhos dos vizinhos, a pisada no corredor e o anúncio do jornal da noite. Em meio a tantos verbos, alguns pensamentos pensam sozinhos, depois se dilatam provocando o ser que os experimenta, enquanto outra coisa faz sombra sobre as linhas do caderno e as mãos seguem dando contorno a personalidade da letra, revelando distúrbios acentuados de alguém.

Literalmente a noite se permite, fazendo graça e arriscando a tinta de uma caneta novinha em folha, fine 0,4 - importada de Germany.

Caberiam outras cores e alguns carnavais das palavras, mas elas, muitas vezes só fazem confundir, principalmente em línguas destreinadas.

Ah, mas como é bom escrever sem princípios, salientar a mania do ser, mesmo quando a correria rouba o tempo, trapaceia a alma e saí por aí, nos devaneios das noites de uma cidade.
Mas... E se tudo terminar num segundo? E nenhum rabisco servir de atalho?
É... Nem sei o que passa num descuido-cuidado em nós.

Enquanto isso, os gatos já descobriram o mistério que havia por traz da porta e se perderam de dois olhos desfocados, míopes, quando a distância é a única palavra.

eliz pessoa

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