Alguém os assiste, percebendo os barulhos dos vizinhos, a pisada no corredor e o anúncio do jornal da noite. Em meio a tantos verbos, alguns pensamentos pensam sozinhos, depois se dilatam provocando o ser que os experimenta, enquanto outra coisa faz sombra sobre as linhas do caderno e as mãos seguem dando contorno a personalidade da letra, revelando distúrbios acentuados de alguém.
Literalmente a noite se permite, fazendo graça e arriscando a tinta de uma caneta novinha em folha, fine 0,4 - importada de Germany.
Caberiam outras cores e alguns carnavais das palavras, mas elas, muitas vezes só fazem confundir, principalmente em línguas destreinadas.
Ah, mas como é bom escrever sem princípios, salientar a mania do ser, mesmo quando a correria rouba o tempo, trapaceia a alma e saí por aí, nos devaneios das noites de uma cidade.
Mas... E se tudo terminar num segundo? E nenhum rabisco servir de atalho?
É... Nem sei o que passa num descuido-cuidado em nós.
Enquanto isso, os gatos já descobriram o mistério que havia por traz da porta e se perderam de dois olhos desfocados, míopes, quando a distância é a única palavra.
eliz pessoa