terça-feira, 17 de junho de 2008

Nu

foto: Rattus

No silêncio resta muito da gente, labirintos, idéias vastas, quietude, re-começos, reencontro de palavras mudas, nó, textos esquecidos em cabeça de gaveta, no esconderijo de armário, dentro das páginas de livros.


No silêncio alguém se encontra e finge serenidade, depois se olha no espelho e espelha o tempo, presente de tudo que passa.


No silêncio a solidão espreita, e se esconde na curva da casa de tinta descascada, quina do quadro no retrato exibindo um sorriso.


No silêncio uma palavra morre, enquanto outra se mata, e bem no canto um gato espreita a hora do nada.


Nu silêncio a vida cisma da gente, sombando nossas verdades e se deleita num pranto novo, com ares de maturidade, depois despenca ao chão como fruto vencido.


No silêncio gritam lembranças, quando a noite se alonga sobre o corpo do dia.

Ah! Mas o dia... Nele não há silêncio, apenas a imensidão do barulho que cala.

eliz

2 comentários:

Anônimo disse...

Baw, kasagad-sagad sa iya ubra blog!

Marla de Queiroz disse...

Meu amor,
que texto forte, que texto lindo!
Vc está cada vez mais incrível, mais incrédula!
Amo.