De tanto crer em Astrologia, Numerologia, Bruxaria, Simpatia, mal olhado, oração, reza, religião, intuição... De tanto acreditar no impalpável, nas coisas que eu não via, acabei por não ver o que não acreditava.
Então os mitos, crendices, desejos escorregavam escada abaixo, e o que ficou foi a transformação dia-a-dia.
Depois de tudo, a bobagem derramada das mãos. E agora perdi o tino, o jeito para a coisa, e resolvi bem amar o silêncio, fazer as pazes com a solidão, com o sossego e fiz morada em casa.
Depois fui ficando egoísta, pra dentro, deixei de lado o popular, as gentes, as horas e notícias. Pouco a pouco fui desligando as coisas, me enclausurando nos sons que vinham de todos os lados.
Depois que tudo passou, não quis mais lembrar as sutilezas no caminho, nem o arranhar das pedras sob as solas dos pés descalços, nem mais a sensação arrepiante do mergulho frio.
Fui me decompondo, desfragmentando, descamando a pele, descascando um pensamento, me acostumando à praticidade, sem sombras ou dúvidas.
Depois algo ficou cru, perdendo o cheiro, desaprendendo a melodia, o ritmo.
Depois, bem depois a nota se perdeu e o som acometeu minha alma, encurralou-a num beco e não havia saída. Sem pretextos para outra inspiração.
Depois, bem depois de tudo.
eliz
Um comentário:
Depois de tudo, ainda sobra felicidade na gente... Ah, se sobra!
Os pes na foto se parecem com os seus. E eu que nunca consegui deixar minhas unhas tao lindas como as suas. Que inveja... rs
Beijao!
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