Vasculhando livros sobre a estante, no instante de intervalo da condução, altura da doze, setecentos da asa que aponta ao norte, encontrei-a arriscando “Laços de Família”. Clarisse Lispector despertando-me atalhos e memórias. Presente e Marlegrias. Homenageando-a, levei-o comigo.
De repente nenhum funcionário ou responsável para validar o empréstimo do exemplar. Nem câmeras de lago algum registrando a ação, nem olhares de censura. Nada. Apenas o gesto da própria consciência arbitrando livremente, e a sugestão no papel de pegar um livro por vez, freando o impulso seduzido por vários títulos de temas distintos.
Com Clarisse em punhos, segui o caminho. De “cuca” fresca, pairando sobre a ela, a idéia libertadora de um ponto de ônibus cercado de prateleiras amontoadas de livros e uma prancheta sobre a mesa exigindo de mim apenas o nome, título da obra preterida e endereço eletrônico, nada mais.
Livros que passam dias e noites, madrugadas e manhãs, aguardando algum anseio curioso de leitor sobre eles. Biblioteca bisbilhotando ares de ruas, dando graça e cultura a paisagem da avenida W3.
Gestos de Brasília, verbos daqui, hemorragia das palavras, verborragias em mim.
Enquanto Clarisse clareava expectativas:
“O que era vagaroso, desdobrado, vasto.”
“Intenso como uma jóia. Ela.”
(*) Marlota... um atalho de lembranças tuas.
eliz pessoa
Um comentário:
Lindona,
Só agora percebo como teu texto é casado com o meu...Escrevemos para ambas sem saber que o que viria era o retorno, uma resposta antecipda.
Te dei de presente uma paisagem do Rio, que vc tanto ama, vc me anunciou uma novidade tão lírica de Brasília,cidade que amo tanto quanto: uma biblioteca no ponto de ônibus, ao ar livre, que tem Clarice...coisa mais bonita que isto, só teu texto e a nossa conexão.
Lindo, linda!
Beijos meus e um sol-riso!
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