Sentimento calejado,
espaço vago entre o ser e o ter de uma questão.
Essa passagem se mostra
sorrateira, seduzindo em momentos de descuido, enfeitando-se em fantasias de
carnavais nas ruas da cidade que habita em cada um de nós.
Nem só de festa vive o
homem, mas há que celebrar a alegria e a dor. Há que acalmar a alma para
entender os abismos que surgem entre dois pés descalços num morro distante.
Sei que é breve, sei
que passa, mas enquanto resiste o caminho, outras lições se mostram
apresentadas.
Todos nós temos a nossa
dor, todos nós temos as nossas responsabilidades, ninguém é melhor que ninguém,
ninguém está acima da maior autoridade, aquela que não finda jamais em olhar a
gente por outros ângulos.
Eu sei que o caminho
vai apagando na medida em que a gente o trilha, sei também que a estrada é
longa e rápida, como a incoerência de muitas palavras. Mas eu peço por mais
fôlego, peço por todos aqueles que não têm mais ar, por todas as almas que se
encontram no vazio, peço por uma prece que alcance a todos os corações, por
uma luz que encontre passagem em todos os chacras abertos pelo mundo. Peço por
um instante de silêncio em memória de todos os que se foram na esperança de ver
um mundo melhor.
Peço sempre e todo dia
por menos pesos em nossas explosões, porque nem só da carne vive o homem, nem
só do espelho vive a imagem, nem só de palavra vive a língua, nem só de
entorpecimento da vida se embebeda a alma, nem só do nó se opera um milagre.
E enquanto a canção se
espalha pela casa, certo silêncio pede licença enquanto a noite termina.
elizpessoa
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