quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

(Para Criolo)


Carregadas de musicalidade a papelada se enche de palavras.

Muitas delas vaziam de si, seguem juntas no olhar que descobre o outro.

O outro, um rico minuto disso.

Daquilo que parte de lado abstrato da gente.

Tormentas despidas.

Outras unções desenganadas.

O outro descobre o olhar.

A voz

Da voz

Clebinho


eliz pessoa

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Infância


É aquela pequena lembrança dos trens que cortavam montanhas das Minas Gerais.
Tempo de liberdade numa tarde chuvosa de Juiz de Fora, preservada nos labirintos da memória molhada.

Banho de chuva, terra encharcada, corrida da criançada.

Ali não havia espaço para sentimentos estreitos, palavras organizadas e janelas fechadas.


Ser pequeno era grande demais para gente.
Quando monte de pedra de brita transformavam-se em morros, montanhas e outras permissões infantis.

Certas canções, outras musicalidades, sentimentos latino americano.
Outras vertentes.

Vida e mais vida desmedida sem pressa pra felicidades, tempo de ser feliz.
Nada a temer...


eliz pessoa

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Tempos Modernos



(Foto tirado do site do Globo Ciência)

Assim, a cidade gradativamente começa a caminhar por outros atalhos periféricos, dando volta em volta de si mesma, carregando outros pertences das pessoas que vem de todos os lados daqui e do mundo.

Silenciosamente as mudanças acontecem imperceptíveis aos olhos, alheia aos fatos soltos por aí. De um lado o colapso do velho mundo: caos e pequenos grandes conflitos espalhados nos confins da Síria, de Israel e outros orientes. É certo que a Nova História segue sendo escrita para que as futuras gerações venham a estuda-las, por pura obrigação colegial, sem ao menos dar-se conta da necessidade desse conhecimento.

O primeiro mundo quebrou e puxou junto para o buraco tantos dependentes de sua riqueza e prosperidade. A mendicância tão suscetível a todos nós, criou um laço muito estreito e quebrantável. Por outro lado, essa transformação das coisas passageiras nos coloca tão próximos da nossa rasa realidade de inequações temporais.
Aos trinta estamos, em tese, na metade de nossas vidas úteis. E o que são trinta anos para uma vida toda de História? Pra nós é pouquíssimo, mas como sobrevivemos ao tempo da pressa inalcançável, é tempo suficiente para progredirmos.

Esta mesma cidade impressiona-me não por seus aspectos falhos e mais pela minha passagem por seus caminhos sem esquinas.

Esse mundo me assusta profundamente e me encanta por todos os horizontes da sua ventana. Terrores, tremores, amores, atalhos, caos, desconstrução e novos pareceres sobre a descoberta da Flor de Mil Anos e seu renascimento à luz da Ciência.
A velha-nova Monalisa, o passado cutucando o presente e o futuro já pensando como contará tudo isso num piscar de olhos.

E as novas crianças descobrindo os dedos de suas pequenas mãozinhas.


eliz pessoa

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Não há fronteiras para o que sinto, pois o que experimento é música.

Esse ar livre e húmido, essa diversidade sem fronteiras, essa falta de limitação.

Esse ser e estar inteiro em si e completamente fragmentado nos outros.

O que experimento é MÚSICA e nada mais.

eliz pessoa

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Foi tudo tão depressa. As coisas passavam apavoradas sobre os olhos e tantos olhares compartilhavam a maestria dos alucinados em busca por outros atrevimentos.

Em suas cabeceiras, foram banidos às leituras de Gutiérrez, pois o novo tempo tinha antídoto contra a dor um pouco mais dilacerada. Delicadamente, buscava nos esconderijos absurdos da alma selvagem.

Essa candura profetizada em tempos outros, era o atalho para suavizar os corações embrutecidos por dentro, acalentando a existência cansada.

eliz pessoa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Reto


(Foto: Eliz Pessoa)

Ela vem.
Flutua martelando na cabeça a melodia da canção,
a poesia do homem,
o atalho entre as circunstâncias,
o apelo aos dias que seguem sua sina do viver.

Reto,
o indivíduo tenta não enlouquecer na improbabilidade da rima quando falta labirinto.
Não precisamos de tanta utilidade!
Ninguém cabe tão bem dentro da gente,
a não ser nós mesmos,
mas ainda assim são tantos infiltrados em nossa cabeça.

Na ideia torta que tomamos das coisas, quando se postam sobre a mesa gasta.
E por um período o nexo fazia parte do desabafo,
hoje o desabafo não faz parte da colheita e não há pretensões em se dizer muita coisa.

Todo mundo diz algo o tempo todo!

Escrevendo ele se perde em suas confusões e encontra-se nos muros das paredes pichadas, coloridas de outras verdades.
Essa é a sina de uma canção.
Ele canta.

eliz pessoa